Diversidade é fator estratégico
09/10/2025 às 10:24
(*) João Roberto Benites

A pauta da diversidade dentro das empresas já não pode ser vista como algo acessório ou passageiro. Trata-se de um elemento essencial para a construção de ambientes de trabalho mais inovadores, humanizados, produtivos e sustentáveis. A agenda de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) está diretamente ligada à evolução social e política da atualidade e vem se consolidando como parte estratégica da cultura organizacional. Ao adotar práticas inclusivas, as companhias fortalecem sua governança e ampliam sua capacidade competitiva. Diversidade não pode ser modismo. É preciso olhar para essa pauta com seriedade e entendê-la como um importante fator de transformação nos negócios.
Empresas que abraçam a diversidade colhem resultados em várias frentes: mais criatividade, tomada de decisão mais rica, clima organizacional equilibrado e, claro, melhor desempenho corporativo. Afinal, quando diferentes experiências se encontram, o potencial de inovação cresce. Nos Conselhos de Administração que integro, esse é um tema que conquista mais espaço a cada dia — não só pela busca em formar um colegiado diverso e de competências complementares, mas pela efetiva contribuição de estender esse valor para toda a companhia. E, se a diversidade é estratégica, os conselheiros são peças-chave nessa engrenagem. São eles que podem e devem estimular o debate e criar meios para que essa agenda evolua de forma sistêmica e bem orientada.
Uma pesquisa global da Russell Reynolds, realizada no começo deste ano, mostrou que 64% das companhias planejam colocar os pilares de diversidade e inclusão como uma de suas prioridades em governança. É sinal de que os conselhos estão entendendo o recado: diversidade não é só compliance, não é para ser plano futuro. Está alinhada à sustentabilidade do negócio e impacta seus resultados e competitividade.
No Brasil, esse movimento também vem conquistando atenção no setor público. A sanção do Projeto de Lei nº 1.246/2021, em julho deste ano, que estabelece a reserva mínima de 30% de vagas para mulheres nos conselhos de administração de empresas públicas e sociedades de economia mista, representa um marco importante. Mas o setor privado não pode ficar para trás. Conselhos diversos trazem riqueza de conhecimento, refletem melhor a sociedade em que atuam e impactam positivamente os negócios.
Para que isso funcione, é preciso mais do que ocupar cadeiras: é essencial garantir representatividade de verdade, propósito claro e alinhamento estratégico. Conselhos inclusivos devem criar e monitorar metas, promover o bom debate e, principalmente, assegurar um ambiente em que todos tenham voz e se sintam pertencentes.
O CEO também tem papel fundamental nesse processo. Sem o apoio da liderança máxima, a agenda de diversidade dificilmente ganha força. E, claro: é preciso aprender com quem já está na frente. Fazer benchmarking em empresas que avançaram nessa pauta economiza tempo e aumenta as chances de sucesso.
Os conselhos de administração podem ser catalisadores dessa transformação, criando as bases para um ambiente mais justo, produtivo e inovador. Empresas mais inclusivas performam melhor.

(*) João Roberto Benites, Presidente do Conselho de Administração da Tekno S/A. É Conselheiro  certificado pelo IBGC. É um especialista em expansão estratégica de empresas, e atua como Conselheiro Consultivo da Grant Thornton Brasil e do Hospital das Clínicas (SP). 
 
 
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