
pexels
O Dia Mundial do Alzheimer, lembrado em 21 de setembro, é um convite para refletir sobre como pequenas mudanças no dia a dia podem ajudar a preservar a autonomia e a dignidade de quem convive com a doença. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 55 milhões de pessoas no mundo vivem com demência, sendo o Alzheimer a forma mais comum. No Brasil, o número de casos já passa de 1,2 milhão e cresce a cada ano.
Segundo o Censo Demográfico do IBGE de 2022, em Curitiba vivem aproximadamente 321.677 pessoas com 60 anos ou mais, representando 18,14% da população total da cidade. Não há dados exatos de quantas pessoas sofrem com a doença na cidade, mas Syomara Cristina Szmidziuk, terapeuta ocupacional com mais de 30 anos de experiência, alerta sobre os desafios de adaptar a rotina e os ambientes da casa para manter a independência dos idosos pelo maior tempo possível. “A autonomia tem relação direta com a dignidade na terceira idade. Quanto mais o idoso consegue realizar sozinho, mesmo que com adaptações, mais preserva sua identidade e autoestima”, explica.
Segundo a especialista, manter uma rotina clara e organizada é uma das estratégias mais eficazes para lidar com o Alzheimer, e técnicas específicas podem potencializar esse cuidado. Syomara explica que o Método Perfetti, por exemplo, associa movimento e cognição por meio de exercícios que estimulam a percepção. “Atividades que envolvem memória, atenção e concentração podem retardar o agravamento da patologia. Estimular o reconhecimento do corpo e suas novas dificuldades ajuda o paciente a buscar novos caminhos e a se organizar melhor para realizar tarefas diárias, como vestir-se, alimentar-se e manter a higiene”, explica.
Outra recomendação da profissional é simplificar os ambientes da casa, retirando excessos e criando percursos livres de obstáculos. “Uma cozinha organizada, com utensílios de fácil acesso e quartos com móveis fixos e iluminação adequada já são suficientes para promover segurança e autonomia”, acrescenta Syomara.
A adaptação do lar, no entanto, não substitui o papel da família. De acordo com o Instituto Alzheimer Brasil, mais de 70% dos cuidados ainda recaem sobre parentes próximos. Curitiba conta com iniciativas públicas e privadas voltadas ao cuidado com a pessoa idosa. Programas de atividades físicas, grupos de memória e centros de convivência ajudam a manter os vínculos sociais e a estimular o cérebro, reduzindo o avanço dos sintomas. Para Syomara Cristina, a cidade pode ser considerada referência ao unir tecnologia, saúde e acolhimento. “Quando pensamos em envelhecer bem, não falamos só de viver mais tempo, mas de viver com qualidade. E isso começa em casa, na rotina de cada dia”, conclui.
Sobre Syomara Cristina Szmidziuk: Terapeuta ocupacional há mais de 30 anos, tem experiência no tratamento e reabilitação dos membros superiores em pacientes com lesões neuromotoras. Faz atendimentos com terapia infantil e juvenil, adultos e terceira idade. Desenvolve trabalhos com os métodos Bobath, Baby Course, Reabilitação Neurocognitiva Perfetti, Reabilitação de Membro Superior - Terapia da Mão, Terapia Contenção Induzida (TCI) e Imagética Motora entre outros.