As "canetas emagrecedoras": entre o medo e a realidade
10/09/2025 às 14:35
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por Saúde e bem-estar com Dr. Ricardo Gullit
 
Nas últimas semanas, as farmácias de Curitiba ficaram desabastecidas das chamadas “canetas emagrecedoras”, gerando filas e grupos em redes sociais para avisar quando havia estoque. Esse cenário mostra a popularidade dos análogos do GLP-1, nome técnico dessas medicações.
Com a fama, vêm dúvidas e receios. Muitos pacientes desejam iniciar o tratamento, mas têm medo: dos efeitos colaterais ou de riscos futuros. Para entender melhor, precisamos conhecer seu funcionamento. Sempre que comemos, nosso corpo produz uma molécula especial, quase como um super-herói chamado GLP-1. Ele surge no sangue e organiza a festa do organismo: pede ao pâncreas para liberar insulina na medida certa, ajuda o estômago a esvaziar devagar e avisa o cérebro de que já comemos o suficiente. O problema é que esse herói natural dura pouco. Por isso, a ciência criou versões turbinadas e de longa duração — os análogos do GLP-1. Eles permanecem ativos por muito mais tempo, controlando o açúcar, reduzindo a fome e favorecendo a perda de peso.
E os efeitos colaterais? Na maioria das vezes são leves e passageiros. Náuseas acontecem em 4 a cada 10 pessoas, geralmente discretas. Alterações no intestino também podem ocorrer: diarreia em 3 a cada 10 e constipação em 2 a cada 10. Dor de cabeça e azia são raras. Ou seja: alguns efeitos colaterais ocorrem, mas costumam ser leves, autolimitados e não costumam impedir o tratamento.
Outra dúvida comum é sobre os efeitos no longo prazo. Mas essa preocupação não se justifica: os estudos com essa classe de medicamentos começaram ainda nos anos 1980, e a primeira caneta foi lançada em 2005. De lá para cá, milhões de pessoas já usaram o tratamento em todo o mundo, sem que tenham sido identificados problemas de saúde tardios relacionados a ele. Pelo contrário: as pesquisas mostram que esses remédios trazem benefícios adicionais, como reduzir o risco de infarto e derrame cerebral, além de ajudar a controlar a pressão, o colesterol e a inflamação no organismo.
Portanto, as chamadas canetas emagrecedoras estão longe de ser uma novidade perigosa. Trata-se de medicamentos com décadas de estudo, segurança já comprovada e benefícios que ultrapassam a perda de peso, alcançando também a proteção do coração e da saúde em geral. No fim das contas, é a informação de qualidade que ajuda a transformar medo em confiança.
*É muito importante lembrar que as canetas emagrecedoras são medicamentos e a consulta com seu médico de confiança é fundamental.
 
Dr. Ricardo Gullit - Médico especialista em Clínica Médica | CRM-PR 49898 | RQE 36878
 
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