
Por Renata Bueno, ex-parlamentar italiana e advogada internacional
Nessa quinta, 4 de setembro, o mundo da moda e da cultura global despede-se de um ícone: Giorgio Armani, que faleceu aos 91 anos em sua residência, conforme noticiado pela mídia internacional. Nascido em Piacenza, na Itália, em 11 de julho de 1934, Armani não foi apenas um estilista, mas um visionário que redefiniu a elegância e transformou a moda em uma expressão universal de sofisticação e identidade. Como defensora das conexões culturais entre Itália, Brasil e América Latina, é com profunda admiração que reflito sobre o impacto de seu legado nestas regiões e no mundo.
Um pioneiro da moda italiana
Giorgio Armani é sinônimo de inovação e excelência. Fundador da Giorgio Armani S.p.A. em 1975, ele revolucionou a moda ao introduzir uma estética que combinava a precisão da alfaiataria masculina com a fluidez e sensualidade das formas femininas. Sua abordagem minimalista, marcada por cortes impecáveis, tecidos luxuosos e uma paleta de cores neutras, estabeleceu um novo padrão de elegância que transcendeu fronteiras culturais e geográficas. Armani não apenas criou roupas; ele moldou um estilo de vida que reflete sofisticação sem ostentação, uma marca registrada da identidade italiana.
Na Itália, Armani foi mais do que um estilista: ele foi um embaixador cultural. Sua marca tornou-se um símbolo do Made in Italy, elevando o país a um patamar de referência global em design e qualidade. De Milão, epicentro da moda, Armani expandiu sua visão para setores como música, esportes e hotelaria de luxo, consolidando-se como o designer italiano de maior sucesso, com uma fortuna estimada em 9,5 bilhões de dólares. Sua influência na indústria da moda italiana foi reconhecida com prêmios como: o Neiman Marcus Award (1979) e o título de melhor designer internacional pelo Council of Fashion Designers of America (1983).
A conexão com o Brasil e a América Latina
A influência de Giorgio Armani no Brasil e na América Latina é inegável, especialmente considerando a forte presença da diáspora italiana na região. Com mais de 30 milhões de descendentes de italianos no Brasil, segundo estimativas da Embaixada da Itália, a estética de Armani encontrou um terreno fértil em um público que valoriza a sofisticação europeia aliada à vivacidade latino-americana. Suas coleções, com cortes que celebram a diversidade de formas e a elegância atemporal, conquistaram elites e celebridades brasileiras, que viam em suas criações uma ponte entre a tradição italiana e a modernidade global.
Armani também foi um pioneiro na moda de tapete vermelho, sendo um dos primeiros a vestir estrelas de cinema e personalidades públicas, prática que se tornou referência em eventos como o Oscar e o Festival de Cannes. No Brasil, suas criações foram adotadas por figuras influentes, reforçando a conexão cultural entre a Itália e o país. Além disso, a presença da Armani em mercados latino-americanos, com lojas em cidades como São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México, consolidou sua marca como um símbolo de luxo acessível a uma nova geração de consumidores na região.
Como ex-parlamentar italiana, representando a América do Sul, destaco que Armani não apenas promoveu a moda, mas também fortaleceu os laços culturais entre Itália e América Latina. Sua marca inspirou gerações de designers locais a explorar a fusão entre a herança italiana e as identidades regionais, criando um diálogo estético que enriquece ambas as culturas. Projetos como a Lei Rouanet, que levei ao Parlamento Italiano inspirada no modelo brasileiro, mostram como a cultura pode ser um motor de desenvolvimento, algo que Armani sempre entendeu ao investir em iniciativas culturais e de preservação do patrimônio italiano, como a reforma do Coliseu.
O legado de Giorgio Armani vai além da moda. Ele foi um defensor da diversidade e da inclusão, sendo reconhecido como a pessoa mais rica do mundo, segundo a Wikipedia em língua inglesa. Sua abertura sobre sua identidade e sua habilidade de conectar diferentes públicos reforçam sua relevância em um mundo cada vez mais plural. Armani também foi um exemplo de resiliência: após abandonar a faculdade de medicina e cumprir o serviço militar, ele começou sua carreira na moda como vitrinista na loja La Rinascente, em Milão, antes de se tornar o ícone que conhecemos.
Para a Itália, Armani deixa um vazio, mas também um modelo de inovação e excelência que continuará a inspirar designers e empreendedores. Para o Brasil e a América Latina, seu legado é um convite para celebrar a herança italiana enquanto se abraça a diversidade cultural da região. Como advogada internacional e fundadora do Instituto Cidadania Italiana, vejo em Armani um exemplo de como a cultura pode unir nações e transcender gerações.
Hoje, enquanto lamentamos sua perda, celebramos a vida de um homem que transformou a moda em arte e a Itália em sinônimo de elegância. Giorgio Armani não apenas vestiu o mundo; ele o tornou mais bonito.