A charmosa cidade gaúcha de Gramado sedia, de 3 a 5 de setembro, no Centro de Eventos Serra Park, a Geronto Fair 2025, feira voltada à chamada economia prateada – o segmento de mercado formado pela população com mais de 50 anos, que movimenta cerca de dois trilhões de reais por ano no Brasil.
 A feira vai reunir empresas, profissionais, pesquisadores e representantes de diferentes segmentos de mercado com o objetivo de conectar o ecossistema do envelhecimento ativo, promovendo inovações e soluções concretas para um mercado em expansão.
Entre as marcas expositoras estão Lulu Balm, App do Vovô, Sul Acessibilidade, Coi, Europa, Movinjet, Purific, Master Fraldas/ Fraldasul, Sunday Village Care, Ozoxx, Sindihospa/Moderna Idade, Fecomércio, Prefeitura de Veranópolis, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/RS, Ciclos+, Valderez 360, Instituto Mag, Celuz Geradores, São Pietro Senior, Gerifácil, Nova Alternativa Incorporadora, Master Care / Hub Longevidade, Damiê, Seniorlab, Sicredi, Piccadilly, Dropshot (Yndy), Ana Roig, Chocolates Gramadense, Grupo Ibes, Mypump, ITS, Instituto Moriguchi, Maturijobs e Labora.
“A chamada economia prateada deixou de ser tendência para se consolidar como realidade e uma nova regra do jogo. Estamos falando de um segmento que já movimenta trilhões de dólares no mundo, que gera emprego, renda e inovação e que desafia empresas e governos a repensarem produtos, serviços, comportamentos e políticas públicas”, diz Roberta Pletsch, diretora da Merkator, promotora da feira. E acentua que “essa economia não se limita ao consumo. Ela gera novos mercados inteiros: do setor da saúde ao turismo, da moradia às tecnologias assistivas, do varejo à educação continuada, da moda ao entretenimento. Cada vez mais, as pessoas 50+, 60+, 70+ assumem papéis de protagonistas — ativos, conectados e exigentes”.

Painéis e palestras
No primeiro dia da feira, 3 de setembro, Márcia Vieira, presidente do Conacare fará a apresentação institucional MasterCare, Hub Longevidade, ao lado de Roberta Pletsch, Alexandre da Silva - secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Leandre Dal Ponte, secretária estadual da Mulher, Igualdade Racial e Direitos da Pessoa Idosa do Paraná.
 Em seguida, acontece o primeiro de seis painéis: Política Nacional de Cuidados: avanços, desafios e caminhos com Leandre Dal Ponte, autora do projeto de lei da Política Nacional do Cuidado, e Symone Bonfim, ex-diretora nacional dos Direitos da Pessoa Idosa. O Conacare contará com participações presenciais e online de profissionais do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai e Colômbia.
Também está programado o 3° Forum Nacional de Institutos de Longa Permanência Privadas que abre com Martin Daniel Henckel, da SeniorLab.
 
Senior Living, o encontro
 
O envelhecimento acelerado da população brasileira e a busca por moradias seguras e confortáveis impulsionam o mercado de moradia sênior no País. Embora ainda pouco conhecido — apenas 7% dos brasileiros compreendem o conceito, segundo pesquisa realizada em 2023 —, o setor desperta interesse, especialmente entre públicos de maior poder aquisitivo. Esse movimento motivou estudo e eventos específicos.
No centro dessa agenda está o Senior Living Meeting, fórum de debates organizado pela Caio Calfat Real Estate Consulting e pela Senior Lab, que reunirá investidores, incorporadores, arquitetos, operadores e prestadores de serviços para discutir o futuro e as oportunidades desse segmento em dois momentos. No dia 3 de setembro, o encontro será realizado na Geronto Fair, e no dia 28 de outubro, na Expo Longevidade, em São Paulo. “Cada decisão, do projeto físico ao modelo de operação, impacta diretamente no sucesso do empreendimento, o que nos motivou a reunir diferentes perfis profissionais para oferecer um panorama completo e interligado”, diz Martin Henkel, CEO da Senior Lab.
A grade de palestras reúne especialistas que abordarão desde estudos de viabilidade e inteligência de mercado até arquitetura, design de interiores, operação hoteleira, cuidados médicos, gestão assistencial e marketing. Também contempla financiamento, legislação, treinamento de equipes e construção de marca.
Caio Calfat e Martin Henkel estão entre os palestrantes, assim como Flávia Ranieri, arquiteta e criadora de uma linha especial e mobiliário funcional para o público 60+; Daniel Giacchieri e Luciana Zuffo, sócios-fundadores do Grupo São Pietro e administrador da bandeira São Pietro Sênior, primeira dedicada à operação de Senior Living no Brasil; engenheiro Norton Mello, ceo da Bioeng Projetos e autor do primeiro livro que trata das especificações técnicas para o senior living publicado no Brasil; Jéssica Gomes, enfermeira especializada em cuidados com idosos, e o médico Virgínio Olsen, chefe do serviço de geriatria da Santa Casa de Porto Alegre.
“O asilo é um lugar para morrer; o senior living é um lugar para viver”, resume Caio Calfat, ceo da Caio Calfal Real Estate Consulting e um dos maiores especialistas do mercado turístico e imobiliário do Brasil. Segundo ele, é preciso vencer a resistência de famílias e até de profissionais de saúde para mostrar que a qualidade de vida e a independência que esses empreendimentos oferecem é fundamental para ampliar o mercado.
“É urgente desmistificar a ideia de que o conceito se resume a ‘casas de repouso’ e apresentar ao mercado o real propósito desses empreendimentos: que têm arquitetura acessível, atividades, serviços de saúde e estímulo constante à convivência social e independência dos moradores”, diz.
E lembra, ainda, da importância de direcionar a comunicação tanto aos potenciais moradores como também à chamada “geração sanduíche”, ou seja, os filhos que dividem seu tempo e recursos entre a carreira, os próprios filhos e os cuidados necessários para lidar com o envelhecimento dos pais. Dados do Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que quase 6 milhões de idosos residem sozinhos no país, o maior porcentual entre todas as faixas etárias, o que traz preocupações em relação à manutenção da saúde e qualidade de vida.
Panorama
A pesquisa realizada em 2023 pela Brain Inteligência Estratégica em parceria com a Caio Calfat Real Estate Consulting mostra que mais de um terço (37%) dos entrevistados afirmaram ter interesse em viver ou investir em empreendimentos desse perfil. O declínio da saúde (50%) e a dependência de cuidadores (26%) estão entre as principais preocupações com o avanço da idade.
Consolidado nos Estados Unidos, Japão e Austrália, o senior living vem ganhando tração no Brasil. Nas quatro capitais analisadas pelo estudo — São Paulo, Porto Alegre, Salvador e Fortaleza — foi constatada a existência de pouco mais de 2,3 mil leitos formais, frente a um universo de 42 mil instituições de longa permanência cadastradas, das quais apenas 15 mil são regularizadas.
Os dados revelam um público concentrado nas faixas de maior poder aquisitivo, disposto a investir entre R$ 4,7 mil e R$ 12,3 mil mensais para viver em residenciais planejados. Apesar de 55% dos entrevistados afirmarem que preferem adaptar a própria residência, 33% consideram mudar-se para outro imóvel e 12% cogitam morar em uma instituição especializada, com foco na longevidade, segurança, acessibilidade, sociabilidade e em serviços integrados para manutenção da autonomia.