Comes&Bebes/Do diamante às uvas
Vinhos brilham em Grão Mogol-MG
23/08/2025 às 23:12
Cidade de pedra encravada na Cordilheira do Espinhaço, cartão-postal turístico do Norte de Minas por sua história e natureza, a pequenina Grão Mogol é atraente também pelos vinhos. Seus rótulos até foram orgulhosamente ostentados por seu secretário de Turismo, Ítalo Oliveira Mendes, na Travel Next Minas, evento de para agentes de viagem realizado esta semana em Belo Horizonte.
Nascida da mineração no século XVII, sendo o nome atribuído ao diamante indiano Grande Mogol, a cidade tem uma vinícola, a Vale do Gongo, que produz Merlot, Syrah, Sauvignon Blanc, Sangiovesi e as brasileiras Vitória e Lorena.  E dessas uvas nascem vinhos nunca antes imaginado no Norte mineiro, já que no Sul a vitivinicultura é consolidada. Ítalo Oliveira Mendes explica que a técnica da dupla poda fez esse milagre e se expandiu para outras regiões do país.
“Grão Mogol tem apenas 13.900 habitantes, do tamanho de um bairro de Curitiba”, compara Ítalo Mendes, diplomado em Turismo pela Universidade Federal do Paraná. Mas, acrescenta, “cresce com o eno e o ecoturismo”. De perfil familiar, a Vinícola Vale do Gongo, produtora de vinhos de boutique desde 2017, recebe turistas com agendamento prévio para um café da roça, passear pelos parreirais, degustar vinhos artesanais ou para um jantar com música ao vivo. E também saber mais da dupla poda.
Terra do pão de queijo e da cachaça, Quando e Como a vitivinicultura deu o ar de sua graça em Minas? Segundo anunciado no lançamento do inédito Uai Festival do Vinho, agendado em Belo Horizonte, a questão começa pelo Quem e a resposta é Murillo de Albuquerque Regina, que desenvolveu os estudos da dupla poda na Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, coordenadora da principal frente científica do setor no Estado.
Tudo começou em 1936, quando Getúlio Vargas inaugurou o Campo Experimental de Caldas, no Sul de Minas, um dos primeiros centros especializados em uva e vinho do país. No anos 70, foi incorporado à Epamig que, em 2005, criou o Núcleo Tecnológico Uva e Vinho.
Vinte anos depois e Minas Gerais soma 436 hectares de vinhedos e cerca de 124 produtores de vinhos, seis mil toneladas de uva e 4,5 milhões de litros de vinho por ano. Ao fim, “colhe” 120 milhões de reais no mercado.
Esse cenário deve-se à dupla poda da videira, aplicada em 80% dos vinhedos mineiros. Essa técnica, desenvolvida pelo pesquisador Murillo de Regina, inverte o ciclo da videira ao realizar duas podas anuais, o que possibilita que a maturação e a colheita das uvas ocorram no inverno. A Epamig transformou o cenário produtivo da Serra da Mantiqueira e vem expandindo sua influência para o Cerrado Mineiro, Serra do Espinhaço e outros Estados.
 A dupla poda, reconhecida por elevar a qualidade da uva, com maior concentração de cor e aroma, rendeu prêmios internacionais, como o World Wine Awards (Londres) e outras premiações de prestígio como o Concurso Mundial de Bruxelas, Expovinis e a Grande Prova de Vinhos do Brasil.
P.S: A vivência na Vinícola Vale do Gongo acontece de março a outubro.
 O Uai Wine-Festival do Vinho será no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, de 28 a 31 de agosto, com entrada gratuita.
 
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