Árvores 
25/08/2025 às 05:30
Foto de Anna Evans na Unsplash
por Luiz Felipe Leprevost

Eu caminhava por uma rua perto de casa, perdido em pensamentos, quando me deparei com uma árvore majestosa. Seu tronco feito uma coluna a sustentar o céu, com cascas grossas, galhos espessos e tortuosos. Parecia ter visto tudo, saber de tudo. Do vento que sopra, da chuva que cai, do sol que brilha, das tramas do tempo. Estava ali, feito uma avó, uma ancestral, sem pressa, sem tem medo, firme, sábia e serena. 

O prazer de olhar para uma árvore. De admirar uma árvore. Fiz isso tantas vezes. Ainda faço. Algumas são altas e esbeltas, outras são baixas e robustas. Algumas têm folhas verdes e brilhantes, outras folhas secas e quebradiças. Vi-me parado diante desta. Adorando sua aquela existência. De qualquer forma, não era algo que eu pudesse definir ou explicar. Se por um lado somos seres separados, bem mais somos ligadas pela natureza. 

As árvores são imóveis? Ela respiram, crescem, se transformam. Dançam ao vento. Nunca estão paradas. Cada árvore é única. Cada anel em seu tronco é um ano da sua idade, um ciclo, uma história. As árvores são como os arquivos da memória da terra. Elas guardam os segredos dos séculos, das estações, dos ventos e das chuvas. 

Generosos seres da criação, ajudam o oxigênio, dão frutos deliciosos, embelezam a paisagem, ofertam sombra para o varredor de rua e para o guardador de carros, além de permitirem de bom grado que cães sem dono façam xixi em sua base. Por estas nobres razões (e por muitas outras) é incompreensível
que sejam tão obstinadamente derrubadas.

Porém, muitos não compartilham dessa opinião. Acham árvores são obstáculos no caminho do progresso, dizem que suas folhas sujam o pátio da civilização. Sem qualquer cerimonia, sem dó nem piedade, desde há muito as derrubam sem dó nem piedade. As destroem sem pensar no que perdemos com sua queda, sem considerar as consequências negativas. "Não, não precisamos de oxigênio, não precisamos de água.” Querem algo mais insano? 

O que as árvores fizeram para merecer tal destino? Que crime foi esse que as condena a pena de morte? Justo elas que nos dão tanto sem pedir nada em troca. E que são essenciais para nós, que necessitamos de sua dadivosidade para respirar bem. Merecem nosso respeito e nossa gratidão. Devemos protegê-las, preserva-las, cultivá-las.
Comentários    Quero comentar
* Os comentários não refletem a opinião do Diário Indústria & Comércio