Paraná mantém relação comercial sólida com os Países Baixos
21/08/2025 às 19:53
A coluna CAPITAL & NEGÓCIO (C&N), do Diário Indústria & Comércio (DI&C), por intermédio do jornalista Luiz Augusto Juk, realizou entrevista exclusiva com Caspar van Rijnbach, Representante-Chefe do Netherlands Business Support Office Southern Brazil (NBSO) instalado em Porto Alegre e que trata de negócios e investimentos na Região Sul do Brasil. Ele esteve recentemente em Curitiba, participando, na Fiep, do 5º Seminário de Negócios Internacionais.

Caspar Van Rijnbach: “A elevação de tarifas pelos EUA pode incentivar empresas paranaenses a explorar mais o mercado europeu.”
 
CAPITAL & NEGÓCIO - O que é o NBSO Porto Alegre?
Caspar Van Rijnbach: Empresas neerlandesas que buscam oportunidades de negócios e investimentos na Região Sul do Brasil podem contar com o apoio do Escritório Neerlandês de Apoio aos Negócios no Sul do Brasil (NBSO Porto Alegre). Com sede em Porto Alegre e atuação no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o escritório integra a Rede Diplomática e de Negócios do Reino dos Países Baixos no Brasil. Trabalhamos em estreita colaboração com o setor público e privado locais, buscando abordagens inovadoras, integradas e de cocriação para desenvolver projetos e oportunidades comerciais. Também apoiamos empresas, instituições de ensino e centros de pesquisa neerlandeses no acesso ao mercado brasileiro, fortalecendo a cooperação e a promoção de setores estratégicos.

C&N- O que é o Green Ports Partnership e como envolve Paraná/Paranaguá?
Caspar Van Rijnbach: A Green Ports Partnership é uma iniciativa Público-Privada entre Brasil e os Países Baixos para tornar portos mais sustentáveis e eficientes, com foco em transição energética, inovação e logística verde. Paranaguá (Pr) está entre os quatro portos brasileiros na parceria, mas também a FIEP (Federação das Indústrias do Paraná) e o governo do Estado integram como parceiros oficiais. Com o porto há discussões sobre oportunidades em geração de energias alternativas, eletrificação e hidrogênio verde, além de digitalização e aprimoramento na logística e em gestão e manutenção portuária. Os Países Baixos têm vasta experiência na área, com o Porto de Roterdã sendo líder nestes temas. Os portos de Santos (SP), Pecém (CE) e Rio Grande (RS) também já integram a iniciativa. O governo neerlandês está atualmente estudando um plano trienal para acelerar os negócios em conjunto e abordar de forma bem direta os assuntos a serem priorizados nessa iniciativa.

C&N- Como é a relação comercial e de investimentos entre empresas neerlandesas e o Paraná?
Caspar Van Rijnbach: O Paraná mantém uma relação comercial sólida com os Países Baixos, especialmente via Porto de Paranaguá. Em 2024 (*), o estado (Pr) exportou mais de US$ 357 milhões apenas em alimentos, por exemplo. Também se destacaram, nas exportações, segmentos envolvendo demais produtos da agricultura e pecuária, papel e celulose, madeira e químicos. No sentido inverso, importa mais em setores como tecnologia, automotivo, químico e insumos para o agronegócio. As parcerias se estendem a áreas como logística, inovação e sustentabilidade, em um mercado europeu exigente, mas estratégico para diversificar destinos e agregar valor.

C&N - Está agendada uma missão da FIEP aos Países Baixos. Como será? 
Caspar Van Rijnbach: Em novembro, representantes da FIEP visitarão a Europa, incluindo dois dias nos Países Baixos, com agenda na feira Europort e no Porto de Roterdã. O objetivo é conhecer soluções de ponta e ampliar parcerias no setor portuário e logístico.

C&N - E quanto ao impacto do “tarifaço” dos EUA e oportunidades nos Países Baixos?
Caspar Van Rijnbach: A elevação de tarifas pelos EUA pode incentivar empresas paranaenses a explorar mais o mercado europeu. Os Países Baixos são a porta de entrada para a União Europeia (UE), com o Porto de Roterdã como principal hub logístico. Não temos informações suficientes para indicar oportunidades já identificadas, mas, baseados na lógica de que a Europa busca cadeias de suprimentos sustentáveis e globalmente diversificadas, vemos potenciais oportunidades, por exemplo, para alimentos e madeira rastreáveis, embalagens sustentáveis, componentes industriais (como aço/alumínio) de baixa emissão e soluções agro/foodtech. Do lado neerlandês, há várias soluções em energias renováveis e sustentáveis (como biogás e hidrogênio verde), agricultura de precisão, água e saneamento, e adaptação climática (como proteção contra enchentes), que podem ampliar a produção sustentável e a produtividade nos setores principais do Paraná. A médio prazo, se o acordo Mercosul-União Europeia seguir evoluindo, as oportunidades podem se ampliar muito mais.

C&N - Qual é o contato com o NBSO Porto Alegre?
Caspar Van Rijnbach: Os Escritórios NBSO’s são particularmente efetivos em apoiar pequenas e médias empresas. No caso específico da Região Sul do Brasil, as informações de contato são: NBSO Porto Alegre (Netherlands Business Support Office Southern Brazil) Av. Borges de Medeiros, 2233/1401 | Porto Alegre (RS) – Brazil- CEP: 90110-910/ Telefones 55 (0)51 3378 1144/ 55 (0)51 99892 3114 e e-mail: lucila.almeida@nbso-brazil.com.br


(*) Fonte das informações de exportação e importação: Unidade de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul -FIERGS.
Comentários    Quero comentar
* Os comentários não refletem a opinião do Diário Indústria & Comércio