
Por Dale Chen*
A televisão, que sempre ocupou lugar de destaque nos lares brasileiros, passou por uma verdadeira revolução nos últimos anos, tanto na tecnologia dos aparelhos – que ganharam processadores com inteligência artificial para melhorar em tempo real a qualidade das imagens, telas gigantes ultrafinas e controles por comando de voz – como na forma como os conteúdos são transmitidos.
Com a conexão à internet nas smart TVs, a grande disponibilidade de aplicativos e plataformas, como Netflix, YouTube e Amazon Prime, e do modelo de canais FAST (streaming gratuito com anúncios como o TCL Channel, por exemplo), a TV transcendeu sua função original, se tornou mais interativa e mais personalizada. Ganhou o papel de hub de entretenimento doméstico, com um amplo volume de conteúdo de séries, filmes e games, além de agregar a função de centro de conectividade, que permite controlar outros equipamentos da casa (tais como máquinas de lavar roupa ou geladeiras).
Ou seja, o telespectador tem à sua disposição maior variedade, conteúdo on demand, uma gama maior de funções no aparelho – isso sem falar na qualidade de imagem e de som, infinitamente superiores. Para completar, o avanço tecnológico é acompanhado pela redução dos preços de equipamentos, embora o tamanho das telas siga no sentido contrário, com TVs cada vez maiores. Segundo um estudo da consultoria Statista, de 2018 para 2025, a redução média dos preços das TVs foi de quase 10%, com o ritmo de queda se mantendo nos próximos anos. Já um relatório da Straits Research mostra que, de 2022 a 2030, o segmento de televisores maiores do que 65 polegadas terá a maior taxa de crescimento, com mais de 14%.
O que o consumidor quer
Segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos, em 2024, a comercialização de eletroeletrônicos cresceu 29%, melhor desempenho na década, com o setor de televisores ampliando suas vendas em 22%. Um estudo feito pela Comscore mostra que 64% dos brasileiros que se conectaram à internet em 2024 (cerca de 84 milhões de pessoas), fizeram isso pela chamada CTV (TV conectada), representando um crescimento de 14% em relação ao ano anterior.
E o que eles assistem? Mais de 90% deles veem filmes e 88% buscam séries de TV. Que o consumidor quer conectividade para ver o melhor do streaming não há dúvida. E além do acesso à internet, ele busca por uma imersão visual sem precedentes, que impulsiona a demanda por telas maiores.
Qualidade em alta
Modelos de TV de grande formato se consolidam como o padrão nos lares, enquanto a resolução 4K Ultra HD deve se estabelecer como o padrão. E como a qualidade de imagem é a alma da experiência, a chegada de novas tecnologias como QD Mini-LED amplia ainda mais as possibilidades. Essa nova tecnologia combina as vantagens das TVs QLED (que usam partículas especiais chamadas pontos quânticos) com as características dos painéis OLED, que têm ótimo contraste e cores intensas. O segredo está em uma forma muito mais precisa de iluminar a tela, usando milhares de pequenas luzes chamadas Mini LEDs. O resultado é uma imagem mais detalhada, brilhante e realista.
Inteligência artificial e jogos
Para processar a enorme quantidade de informação presente nessas telas de alta resolução, entram em cena os processadores com Inteligência Artificial. Esses chips analisam a imagem em tempo real, otimizando brilho, contraste, nitidez, movimento e cores, além de realizar upscaling de conteúdo com resolução mais baixa para aproveitar ao máximo a tela grande. Os ajustes finos proporcionados pela IA garantem uma imagem de alta qualidade em qualquer tipo de conteúdo, de filmes a jogos.
E por falar em games, a TV agora é um dispositivo central para quem gosta de jogar. Recursos como altas taxas de atualização (120Hz ou mais), baixa latência de entrada (input lag) e Variable Refresh Rate (VRR) são cada vez mais determinantes para os fãs dos games, garantindo uma experiência de jogo fluida e responsiva.
Futuro do setor
As tendências mencionadas acima reverberam diretamente no comportamento do consumidor, moldando suas decisões de compra: o ciclo de troca de TVs, por exemplo, já não é impulsionado apenas pela quebra do aparelho; a motivação primária agora é o upgrade pela experiência e pelo tamanho maior de tela. O consumidor busca ativamente o acesso a novas funcionalidades, maior imersão e qualidade de imagem e som superiores.
O futuro da tela no lar brasileiro promete uma integração ainda mais profunda com os ecossistemas de casa inteligente, a evolução contínua dos assistentes de voz e uma personalização ainda maior da experiência de usuário. Compreender essas dinâmicas complexas é fundamental para que as indústrias continuem a oferecer produtos que não apenas atendam, mas superem as expectativas de um consumidor brasileiro cada vez mais conectado, exigente e ávido por inovação.
*Dale Chen é Diretor de Marketing da TCL para a América Latina