Vacina contra o HPV: o que pais e adolescentes ainda não sabem
13/08/2025 às 08:38
Enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino  Créditos: Henrique Oliveira
Imunizante é seguro, eficaz e protege contra diversos tipos de câncer, mas ainda enfrenta resistência por desconhecimento; especialista alerta para a importância da vacinação antes do início da vida sexual.
 
O HPV (Papilomavírus Humano) é responsável por 99% dos casos de câncer do colo do útero, segundo a OMS, além de estar associado a tumores de pênis, ânus e orofaringe. No Brasil, o INCA estima cerca de 17 mil novos casos anuais desse tipo de câncer. Dados recentes do Ministério da Saúde mostram avanço na cobertura vacinal, sendo que entre 2022 e 2023, o número de doses aplicadas cresceu mais de 42%, passando de 4,3 milhões para 6,1 milhões. Em 2023, quase 85% do público-alvo (meninas e meninos de 9 a 14 anos) já havia sido imunizado, com cobertura superior a 96% entre adolescentes de 14 anos. O aumento foi especialmente expressivo entre os meninos, com crescimento de 70%, refletindo maior conscientização sobre a importância da vacina para ambos os sexos..
“A vacina contra o HPV é uma ferramenta fundamental de prevenção. Quanto mais cedo for administrada, maior é a resposta imunológica e a proteção a longo prazo”, explica enfermeira especialista em vacinação da Clínica Vacinne, Elisa Lino. Segundo ela, muitos pais ainda têm receio de associar a vacina à iniciação sexual dos filhos, o que dificulta a adesão. “É uma vacina de prevenção, como qualquer outra. Ela não estimula comportamentos, ela protege”, reforça.
 
Vacinar meninos também é fundamental
Um dos principais equívocos em torno da imunização contra o HPV é a ideia de que ela é voltada apenas para meninas. “A infecção pelo HPV atinge homens e mulheres. Os meninos também transmitem o vírus e estão vulneráveis a cânceres genitais e de orofaringe. Vacinar os meninos é também um ato de responsabilidade coletiva: quanto mais pessoas imunizadas, menor a circulação do vírus na população”, reforça Elisa.
Além da oferta gratuita na rede pública dentro da faixa etária estipulada, a vacina contra o HPV está disponível na rede privada para outras faixas etárias - adolescentes e adultos que não se vacinaram, por exemplo, podem buscar a imunização em clínicas particulares. “Na rede privada é possível encontrar a vacina quadrivalente, que protege contra quatro tipos de HPV, e a nonavalente, que cobre nove subtipos do vírus. Ambas são seguras e recomendadas por sociedades médicas no mundo todo”, explica Elisa.
A especialista destaca que é possível, sim, iniciar o esquema vacinal na vida adulta, embora a eficácia seja maior quando aplicada na adolescência. “Mesmo quem já teve contato com o HPV pode se beneficiar da vacina, já que ela pode proteger contra os tipos com os quais a pessoa ainda não teve exposição”, comenta Elisa, reforçando que a resistência à vacina muitas vezes vem da desinformação. “Campanhas educativas nas escolas, ações em unidades de saúde e o engajamento de profissionais da educação e da saúde são fundamentais para ampliar a cobertura vacinal e reduzir os índices de câncer causados pelo HPV. Vacinar é um ato de amor e de cuidado com o futuro”, finaliza Elisa.
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