Reparação histórica: Campeões do Coritiba são homenageados pela CBF
12/08/2025 às 21:06
Foto: Joilson Marconne/CBF

Em evento marcado pela emoção, a CBF homenageou os campeões brasileiros de 1985, e o Coritiba, na tarde desta terça-feira (12), com a entrega das medalhas referentes ao título conquistado pelo clube 40 anos atrás, no Maracanã, em final contra o Bangu. Na sede da entidade, no Rio de Janeiro, o presidente Samir Xaud condecorou cinco expoentes daquela conquista e ouviu o depoimento de cada um deles, em agradecimento ao gesto.

Em 31 de julho de 1985, Coritiba e Bangu decidiram o título diante de mais de 90 mil pessoas. A partida terminou empatada por 1 a 1 e a definição do campeão se deu nas cobranças de pênaltis, nas quais o time paranaense se saiu melhor e venceu por 6 a 5. No calor da comemoração, no gramado do Maracanã, os jogadores do Coritiba se viram diante de um fato incomum: as medalhas que lhes seriam entregues sumiram.

Ninguém ousa afirmar o que, de fato, ocorreu naquela noite e as versões desde então se multiplicaram. Mas, certo mesmo, é que os campeões jamais haviam recebido a honraria oficial pelo título histórico. A reparação, no entanto, foi feita. Na tarde desta terça-feira, o presidente da CBF, Samir Xaud, que está no cargo há menos de três meses, recebeu alguns dos heróis da conquista do Coritiba para homenageá-los. A entidade mandou confeccionar 40 medalhas idênticas às que deveriam ter agraciado o time campeão em 1985.

Rafael, Índio, Dida, André e Elizeu, atletas do Coritiba na campanha daquele ano, estiveram na CBF representando todo o grupo, incluindo os que já faleceram - nesses casos, as medalhas serão enviadas aos familiares. O CEO do Coritiba, Lucas de Paula, e o presidente da Federação de Futebol do Paraná, Hélio Cury Filho, prestigiaram o evento.

“Foi só a primeira de algumas reparações que serão feitas pela nova gestão da CBF. O que vimos hoje foi de extrema importância para os jogadores, para o clube, para o Estado, para a Federação Paranaense. Foram 40 anos de um vazio muito grande para os atletas que lutaram, trabalharam, brigaram para ser campeões brasileiros e que na hora da recompensa ficaram de mãos vazias. Neste momento, também quero estender o nosso abraço aos familiares daqueles campeões de 1985 que já não estão entre nós”, disse o presidente da CBF, Samir Xaud.

Ele lembrou que esteve dias atrás em Curitiba para outra homenagem, dessa feita organizada pelo clube, para homenagear os responsáveis por aquela conquista.

“Nossa ideia era levar as medalhas para aproveitar o evento organizado pelo Coritiba. Mas elas não tinham ficado prontas a tempo e então fiz questão de convidá-los para vir hoje à CBF”, prosseguiu o presidente antes de fazer a entrega das medalhas a Rafael, Índio, André, Dida e Elizeu.

“O presidente Samir nos trouxe esse problema e fez questão de fazer essa reparação histórica. O dia de hoje, mais do que as medalhas em si, é um prêmio aos atletas. Infelizmente, alguns não puderam estar presentes e outros já não estão mais entre nós. Mas os que aqui vieram, com certeza estão honrando muito bem aquela bela jornada de 1985”, comentou Lucas de Paula, que entregou a Samir Xaud uma placa em alusão ao título brasileiro de 1985.

Após enaltecer a iniciativa da CBF, o presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury Filho, não escondeu a emoção com o agraciamento dos campeões.

“Todos nós ficamos muito emocionados. É muito gratificante para o futebol do Paraná ver o presidente Samir corrigir esse momento da história, esse equívoco de 40 anos. Fico feliz de ver que a CBF está mais presente nos Estados, o presidente Samir tem determinado realmente que a CBF vá até junto do torcedor, junto dos clubes, encaminhando o pessoal para que observe o nosso futebol no Brasil inteiro. Eu, particularmente, nunca tinha visto a CBF tão presente nos Estados como tem sido agora nesses 79 dias de gestão”, declarou Hélio Cury Filho.

Confira abaixo o que disseram os cinco homenageados presentes à CBF:

Rafael – “Eu briguei 39 anos por isso, fui chamado de um monte de coisa, mas a luz divina ninguém toma. Porque durante esses anos todos eu cobrei essa medalha. Foram 39 anos dizendo “eu quero a minha premiação, eu quero a minha medalha”. Eu não faço mais questão da minha premiação, mas da medalha eu faço, sempre fiz. E graças a Deus, com o presidente Samir Xaud, ele conseguiu fazer as medalhas novamente pra gente e nos brindar. Aos 72 anos, nunca pensei que ia ver essa medalha na nossa mão. É um sentimento de orgulho de tudo aquilo que eu fiz e hoje ela está na minha mão. Aqueles que diziam em Curitiba que era mentira, está aqui.”

Índio – “Isso foi esperado por todo esse tempo, 40 anos, e a gente está aqui para agradecer ao presidente da CBF, Samir Xaud, ao Lucas de Paula, pelo Coritiba. A emoção é bastante grande, estou muito feliz. Agora posso com certeza mostrar a medalha para os meus netos, que vão ficar felizes com isso.”

Dida – “Quarenta anos depois, está na mão, na memória, na história, e é por isso que a gente está feliz, contente. Foi um momento único, o Coritiba conseguiu o seu maior título brasileiro, o seu maior título. E a gente fica muito feliz de fazer parte dessa história. E mesmo que as medalhas não tenham vindo, a gente comemorou muito durante todo esse tempo. Mais do que ninguém, está de parabéns a CBF por nos devolver a medalha que nos foi tirada na época. Na verdade, não foi culpa da CBF, mas a entidade, com o presidente Samir, teve a sensibilidade de se retratar e de nos oferecer essa medalha como símbolo da vitória que a gente teve, e por isso a gente está muito contente.”

André – “Olha, primeiro a gente fala da saudade, porque nós iniciamos um campeonato no dia 27 de janeiro e que terminou no dia 31 de julho. Nós temos muitas memórias e reconhecemos o esforço de cada um daqueles que estiveram com a gente e infelizmente não estão mais; o reconhecimento veio com a entrega da medalha depois de 40 anos. Eles não vão receber essa medalha, mas desejamos que aonde quer que eles estejam, que eles possam também receber essa honraria que nós estamos recebendo, porque, como diz Aristóteles, o mérito não está em receber honras, mas está em merecer as honras. Merecimento para todos aqueles que estão aqui e também para aqueles que não estão mais aqui nesse plano, legal demais.”

Elizeu – “Me vem à memória várias coisas que eu vivi no Coritiba, eu sou cria do Coritiba, cheguei ao clube em 1977, fiquei até 1985, então a gente ralou bastante desde a base. Ganhamos vários títulos na base, ascendemos ao profissional, vários de nós vieram da base, cerca de 12 jogadores daquele elenco campeão brasileiro eram da base do Coritiba. Imagine você o que a gente viveu nesse tempo todo. Foi emocionante, algo assim que nos dignificou, ficamos na história do clube e eu sou Coxa Branca desde os meus 5 anos de idade. Imagine você ser campeão brasileiro num time que você torce. Muita coisa ficou na memória, mas fomos felizes, somos felizes porque fomos e somos campeões brasileiros do futebol, na terra do futebol, no país do futebol.”

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