
Créditos: Gerson Lima
A Confraria Conselheiros e Governança realizou mais uma edição de seu encontro mensal, reunindo lideranças empresariais e especialistas em Governança Corporativa na última terça-feira, 5, na Casa Perfacto, em Curitiba. O encontro teve como destaque a participação da convidada e palestrante Andrea Mota Baril. Com mais de 25 anos de experiência em setores como financeiro, varejo e indústria, destacou-se especialmente pelos 18 anos no Grupo O Boticário, onde foi diretora executiva e liderou um plano estratégico que quadruplicou o market share da companhia no Brasil.
Em 2015, Andrea migrou para a carreira de conselheira, após formação em governança corporativa, tornando-se a primeira mulher a integrar o Conselho de Administração da centenária Cia. Hering. Consolidou sua atuação em conselhos de empresas como Kopenhagen/Nestlé, Docol, Keune, Skala Cosméticos, entre outras. Durante o encontro, a conselheira compartilhou sua vivência e reflexões sobre os desafios da transição de executivos para conselheiros dentro das estruturas organizacionais.
O tema central do bate-papo abordou as mudanças de postura e mentalidade exigidas nesse processo de transição, além da importância de preparação e desenvolvimento contínuo para atuar de forma estratégica em Conselhos. A convidada também destacou o valor da escuta ativa, da visão sistêmica e da construção de relacionamentos no ambiente colegiado.
“Assumir o papel de conselheiro exige abrir mão do protagonismo executivo para exercer influência por meio de perguntas, visão crítica e escuta ativa. É um novo lugar de contribuição, onde o foco está em apoiar o negócio com independência e estratégia”, destacou Andrea durante a conversa.
O debate reforçou que a transição do cargo executivo para o conselho não é apenas uma mudança de função, mas de postura. Se o executivo está à frente da operação, com foco na execução e nos resultados de curto prazo, o conselheiro atua com visão estratégica, pensamento de longo prazo e independência de julgamento. Navegar por esse novo território exige não só preparo técnico, mas também amadurecimento profissional.
Mulheres nos conselhos e os avanços da legislação
Durante o encontro, também houve espaço para um diálogo sobre o avanço da diversidade de gênero nos Conselhos de Administração. A nova Lei nº 15.177/2025, que estabelece a obrigatoriedade de uma reserva mínima para a participação de mulheres nesses órgãos colegiados, foi citada como um importante marco para ampliar a presença feminina e estimular uma cultura de governança mais plural nas empresas brasileiras. Para Ruth Bandeira, vice-presidente da Confraria, leis como essa ainda são necessárias para que se possa acelerar o processo da busca de um mínimo de equidade nos conselhos, que até pouco tempo atrás eram exclusivamente compostos por homens. "Mas entendo que cotas deveriam ser provisórias, até que todo o sistema perceba que o diverso é bom, que pontos de vista diferentes levam a soluções melhores que acabam por produzir um resultado melhor para as organizações", afirma Ruth.
A partir da experiência de Andrea e da presença de mulheres cada vez mais atuantes em posições estratégicas, os participantes refletiram sobre o papel da diversidade na tomada de decisão e no fortalecimento institucional.
A 2ª edição oficial do encontro reafirmou o compromisso da Confraria em oferecer um espaço de escuta qualificada, troca de experiências e construção coletiva de conhecimento para líderes em busca de impacto e legado.