“É que a natureza do lugar que diz como tem que ser a arquitetura”
07/08/2025 às 15:50
Uma das edições mais bonitas e densas em termos de conteúdo de arquitetura e design, a recém-encerrada CASACOR Paraná 2025 teve entre os grandes momentos o talk conduzido pelo prestigiado escritório brasileiro Bernardes Arquitetura no Espaço Laguna da Mostra, também assinado pelo escritório. A construtora se tornou parceira da CASACOR Paraná 2025 cedendo o terreno onde ela aconteceu - na Rua Carmelo Rangel, 505 - local que, integrado às áreas vizinhas, dará origem a um novo empreendimento da construtora com previsão de lançamento no 2º semestre de 2026, também com assinatura de Bernardes Arquitetura. Nesta entrevista exclusiva, o premiado arquiteto Thiago Bernardes, sócio-fundador do Bernardes Arquitetura, conta mais sobre a parceria com a Construtora Laguna, com exclusividade entre as marcas no mercado de Curitiba, assim sobre criação, legado e o papel da arquitetura hoje e no futuro, aqui e no mundo. 
 
Vamos falar um pouco dos projetos que vocês estão desenvolvendo aqui em Curitiba com a Laguna. Quais os conceitos centrais que vocês estão trazendo com eles?
A oportunidade que a Laguna nos deu de criar semente em Curitiba é incrível. E acredito que juntamos de uma forma bacana para as duas empresas. Porque não queremos fazer projetos iguais, mas sim especiais para cada terreno. E a Laguna também tem esta intenção. Então cada projeto tem sua característica, respeita o bairro, o terreno em que está. E fica uma arquitetura verdadeira por isso. É um prazer estar trabalhando aqui.
 
E vem muita coisa para o futuro também, certo?
Com certeza, já estamos aqui (na CASACOR Paraná), em um terreno onde já estamos projetando para a Laguna em empreendimento. E onde vai surgir um projeto bem bacana.
 
E aqui, no espaço da Laguna na CASACOR, vocês usam muitas técnicas extremamente refinadas, algumas clássicas, muito sofisticadas. E que tem além de uma série de agregados estruturais, a própria questão da sustentabilidade, a valorização técnica e estética da madeira. Tudo isso vai entrar no projeto que vocês estão desenvolvendo para este terreno [que a Laguna, em uma parceria inédita, cedeu para a realização da CASACOR Paraná 2025]?
Este espaço representa um pouco do que acreditamos como espaço construtivo, como verdade dos materiais, usamos materiais naturais aqui. Pensamos em elementos construtivos saudáveis e ecologicamente correto. Então, trouxemos aqueles com que gostamos de conviver. Fizemos uma varanda aqui, tem água para filtrar energia. Isso vem desde o processo construtivo até atingir uma estética verdadeira, que é no que acreditamos.
 
Você é reconhecido como um arquiteto que compreende muito a questão da casa brasileira. Isso é bem importante, porque estamos em um mundo de padrões tão universais que, quando é possível conciliar a linguagem universal com a captação de uma alma de um lugar, é algo muito especial. Então, o que é esta casa brasileira, como vocês transportam esta linguagem para cada projeto?
Sempre conto que apareceu um cliente uma vez para mim falando que queria um projeto especial para aquele terreno, mas que não queria que a pessoa entrasse naquela casa e soubesse que era um projeto meu. Em um primeiro momento... qualquer arquiteto iria se assustar. Mas para mim foi um elogio e uma oportunidade incrível, porque às vezes ficamos escravos de soluções arquitetônicas que adotamos lá atrás e viram quase que uma moda, uma coisa estética. E o que eu acredito é que as coisas são feitas para onde estão sendo projetadas. Então, este pensamento do micro ou macro, de que aquela casa, aquele projeto, está inserido em um bairro, em uma cidade, em um país, no mundo. Esta visão do mundo. Parece que é um projeto pequenininho, mas ele é uma expressão para o mundo. E você fala da arquitetura brasileira. Acho que, não só a brasileira, mas o que acontece com a arquitetura é que as coisas viram moda e as pessoas querem trazer. Por exemplo, uma arquitetura que é feita em um país nórdico, as pessoas trazem porque é uma estética bacana, bonita. Mas no que a gente acredita é que a natureza do lugar que diz como tem que ser a arquitetura. Você não traz uma estética de lá para cá. É o contrário. Quem diz a estética que tem que ser é a natureza, é do lugar que você vai projetar. É a quantidade de chuva, a insolação, os materiais disponíveis na região.
 
Arquitetura voltada à paisagem urbana, às gentilezas urbanas em meio a um mundo hoje marcado por comportamentos de individualidade, agressividade, tensões globais. Como isso tende a se harmonizar?
Não quero parecer pretensioso, mas não fazemos arquitetura pensando na gente. Fazemos, sim , pensando no outro. Não é uma questão de ego. O que falo muito dentro do nosso escritório é que temos de controlar um pouco nosso ego para oferecer o melhor para o outro. E o que falei aqui [no talk], temos de buscar um pouco do coletivo e da generosidade humana. As pessoas estão muito individualistas, muito fechadas nelas próprias. Acredito que com a arquitetura conseguimos mostrar que podemos pensar no outro e ter uma convivência harmoniosa. Porque o mundo tem cada vez mais gente. E a arquitetura funciona para resolver estas questões. Curitiba está verticalizando. Tem mais gente vindo morar aqui. Estamos participando deste processo, e fazendo de uma forma suave, que seja harmoniosa com a paisagem de Curitiba.
 
 
 
 
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