
O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Oruam, de 25 anos, foi classificado como preso de “alta periculosidade” pelas autoridades do Rio de Janeiro. A definição consta na Guia de Recolhimento de Presos elaborada pela Delegacia de Capturas da Polinter, que encaminhou o documento à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Oruam foi posicionado no terceiro nível mais alto de risco, numa escala de quatro graus utilizada no sistema penitenciário do estado.
De acordo com a Polícia Civil, essa classificação considera o potencial de ameaça à segurança pública. No caso do rapper, a corporação destacou diversos fatores, como a suposta associação ao Comando Vermelho, o uso de sua residência para abrigar foragidos da Justiça, além de ameaças à vida de policiais. Outro ponto citado foi a gravação de um vídeo nos morros do Rio em que Oruam faz menção direta ao pai, conhecido como "Marcinho VP", um dos líderes da facção criminosa.
Para entender melhor os desdobramentos jurídicos e o impacto das ações do artista, a reportagem conversou com Jefferson Nascimento da Silva, advogado, palestrante e mentor em prática penal. Ele analisa o episódio com base na legislação e nas repercussões públicas:
“É normal que as pessoas tenham um ato de raiva. O que ele fez daí? Foi pro morro e gravou um story, e aí foi o erro dele”, afirma Jefferson. “Ele disse: ‘Eu sou filho do Marcinho VP, vem me buscar aqui’. Na verdade, o que ele estava dizendo era: ‘Olha de quem eu sou filho, vocês vão mexer comigo?’. Ele é filho, mas isso não comprova que ele está vinculado à organização.”
Caso chama a atenção de todos
Segundo o especialista, ainda que a fala do rapper tenha repercutido negativamente, é preciso cautela antes de estabelecer um vínculo direto com o crime organizado:
“A Constituição garante que ninguém pode ser responsabilizado pelos atos de seus parentes. Ser filho de alguém com histórico criminal não é crime. O problema é o uso midiático dessa declaração em um contexto que já é altamente sensível.”
O caso reacendeu o debate sobre a influência de personalidades públicas no comportamento de jovens nas periferias, especialmente quando essas figuras são associadas a discursos de confronto com o Estado. Para Jefferson, há uma linha tênue entre a liberdade de expressão e a incitação ao crime:
“A Justiça pode usar esse tipo de discurso como agravante, principalmente se houver outros indícios. Mas é preciso cuidado para não transformar uma bravata em prova criminal.”
O advogado ainda alerta que, em um sistema prisional já sobrecarregado e seletivo, classificações como “alta periculosidade” precisam ser tratadas com responsabilidade e amparo técnico:“Esse tipo de rotulação tem impactos diretos na execução da pena, nos direitos do preso e na forma como ele será tratado dentro do sistema. Isso precisa ser usado com critério, não com base apenas em declarações ou fama.”
Serviço: Jefferson Nascimento da Silva
Advogado Criminalista - OAB/PR 86.750
(41) 98400-6686
@jeeffeh
jeffe.adv@gmail.com
https://advjeffersonsilva.com.br
Rua Conselheiro Laurindo, 600 - sala 1006/1007 - Centro, Curitiba – PR.