Novo tratamento para casos avançados de câncer de próstata é aprovado no Brasil
03/08/2025 às 15:46
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Um novo tratamento para câncer de próstata na fase mais avançada, quando há metástase, foi aprovado em junho pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A terapia combinada de talazoparibe com enzalutamida é indicada para casos em que o tumor continua a crescer mesmo após a realização do bloqueio hormonal.
Segundo oncologistas, até 20% dos pacientes desenvolvem a forma metastática e resistente ao bloqueio hormonal (mCRPC). Outro tipo ainda mais grave é o câncer de próstata com mutação no gene do reparo por recombinação homóloga (HRR), também resistente ao bloqueio hormonal, que atinge cerca de 4% dos pacientes, de acordo com a literatura médica. Essas alterações prejudicam a capacidade de reparação das células, levando à progressão do câncer.
Em 2023, 17.093 homens morreram por câncer de próstata no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. O número de mortes se aproxima ao do câncer de mama, que matou 19.103 mulheres em 2022, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
Produzido pela Pfizer com o nome de Talzenna, o talazoparibe é um inibidor de enzimas PARP (poli ADP-ribose polimerase).
A enzalutamida, cujo nome comercial é Xtandi, da farmacêutica Accord, é um bloqueador da ação da testosterona e de outros hormônios masculinos (andrógenos). O medicamento vinha sendo usado como base do tratamento padrão de câncer de próstata em casos de metástase, bem como o Talzenna já era usado em tratamentos de câncer de mama e de ovário com a mutação HRR.
Frederico Leal, oncologista no Hospital das Clínicas da Unicamp, diz que cânceres de próstata com essa deficiência celular têm um comportamento mais agressivo e mais propenso à proliferação para outros tecidos corporais, mesmo após a terapia hormonal. “Essas drogas vão provocar a morte de células que estão em proliferação, principalmente as cancerígenas”, diz Leal.
Um estudo de fase 3 publicado em 2023 na revista Nature Medicine mostrou que o uso combinado dos medicamentos reduziu em 55% o risco de progressão da doença e morte em homens com câncer metastático e com mutação no gene HRR, em comparação com o o tratamento com enzalutamida e placebo.
O tratamento não está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde). Os medicamentos, vendidos separadamente, custam cerca de R$ 40 mil (Talzenna) e R$ 10 mil (Xtandi) por mês.
O diagnóstico precoce ainda é a arma mais valiosa para o sucesso dos tratamentos, apontam os médicos. Em um cenário em que o câncer de próstata mata 47 homens por dia no Brasil, a SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) chama a atenção para a necessidade de rastreamento e de diagnóstico precoce e recomenda que homens a partir de 50 anos realizem consultas periódicas com um urologista.
Para pessoas que fazem parte do grupo de risco, como pacientes com histórico na família, o ideal é acompanhamento a partir dos 45 anos. Se descoberto em estágio inicial, é possível tratar o câncer com cirurgia de prostatectomia radical (retirada da próstata) ou radioterapia.
com sites
 

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