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Horas após ser alvo da Lei Magnitsky, uma das principais sanções aplicadas pelo governo dos Estados Unidos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi à Neo Química Arena assistir ao clássico entre Corinthians, seu time do coração, e Palmeiras, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, na noite desta quarta-feira (30). Acompanhado da esposa, o ministro sorriu, acenou para o público e fez um gesto obsceno com o dedo médio.
Moraes chegou ao estádio acompanhado da esposa e, ao ser interpelado por um torcedor, respondeu com um breve “vai Corinthians”. Em março deste ano, o ministro já havia assistido à final do Campeonato Paulista na mesma arena. Na ocasião, o Corinthians venceu o Palmeiras e ficou com o título estadual.
Mais cedo, o ministro do STF havia sido alvo de sanções por parte do governo do ex-presidente Donald Trump. O dispositivo legal acionado pela Secretaria do Tesouro dos EUA impõe restrições a estrangeiros acusados de envolvimento em corrupção ou violações graves de direitos humanos. Procurado, o Supremo Tribunal Federal não se manifestou oficialmente sobre a medida.
A decisão do governo americano bloqueia contas bancárias e congela qualquer ativo financeiro de Moraes nos Estados Unidos, além de impedir o acesso ao sistema bancário do país. Também foi determinada a revogação do visto de entrada, o que proíbe o ministro de viajar para território norte-americano. A sanção se estende a outros sete ministros do STF e ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Essa é a primeira vez que a Lei Magnitsky é utilizada contra autoridades de um país democrático. Até então, a legislação vinha sendo aplicada majoritariamente a representantes de regimes autoritários, envolvidos em repressões, assassinatos extrajudiciais, corrupção sistêmica ou pertencentes a organizações terroristas e redes internacionais de crime organizado.
A medida provocou reações distintas entre especialistas em direito internacional. Para alguns analistas, a inclusão de ministros da Suprema Corte brasileira na lista de sanções representa uma interferência incomum nas instituições de um país soberano. Outros avaliam que o gesto tem forte carga simbólica e política, especialmente em um ano eleitoral nos Estados Unidos.
O gesto feito por Moraes durante o jogo, com o dedo médio erguido, repercutiu nas redes sociais e foi interpretado por alguns internautas como uma resposta às críticas que o ministro vem sofrendo. No entanto, assessores próximos evitaram comentar o episódio, enquanto aliados políticos do magistrado minimizaram a situação, atribuindo o gesto ao ambiente descontraído do estádio.
Nos bastidores, interlocutores do governo brasileiro monitoram os desdobramentos da sanção e avaliam se haverá impacto nas relações diplomáticas com os Estados Unidos. Apesar do silêncio oficial, a expectativa é de que o Itamaraty se pronuncie caso novas restrições ou medidas simbólicas sejam adotadas nos próximos dias.