A Essência Humana nas Organizações
29/07/2025 às 07:17
 (*) João Roberto Benites
 
Em um cenário corporativo cada vez mais competitivo, a atração e retenção de talentos tornou-se um pilar estratégico para o sucesso. Mais do que meras engrenagens, os colaboradores são o alicerce das organizações, impulsionando a inovação e a produtividade. Reconhecer suas habilidades e fomentar um ambiente motivador e engajador são cruciais para o crescimento sustentável e a diferenciação no mercado. Investir nas pessoas é, portanto, investir no futuro da companhia.
 
Para melhorarem sua atratividades, as empresas devem fortalecer sua conexão com a dimensão humana e valorizar o capital intelectual. É importante criar um ambiente de trabalho agradável e oferecer remuneração e benefícios competitivos, além de oportunidades de desenvolvimento. Estratégias como investir em cultura organizacional e employer branding, oferecer regimes de trabalho flexíveis e valorizar o bem-estar dos colaboradores também são importantes. Segundo a pesquisa Zendesk CX Trend 2023, empresas que priorizam a experiência do colaborador têm 1,9 vezes mais chances de superar suas metas financeiras em comparação com aquelas que não priorizam.
Além disso, um estudo da consultoria PwC demonstrou que  77% dos CEOs consideram a escassez de talentos como a maior ameaça ao seu negócio. Enquanto uma  pesquisa da Harvard Business Review revelou que 80% dos colaboradores deixam seus empregos devido à falta de reconhecimento, desenvolvimento de carreira e oportunidades de aprendizagem.
 
A escassez de jovens talentos em alguns setores não reside na natureza da indústria, mas na sua capacidade de modernização. Independentemente do segmento, empresas precisam realinhar suas operações – desde a adoção tecnológica e a adaptação às dinâmicas de mercado até aprimorar as relações interpessoais e as perspectivas de carreira, além de flexibilizar seus modelos de trabalho. A atratividade vai além dos muros corporativos, exigindo que cidades em crescimento e instituições de ensino se alinhem às demandas do cenário profissional contemporâneo, cultivando um ecossistema que convide à inovação e ao desenvolvimento.
 
Mesmo empresas dos segmentos mais tecnológicos, que oferecem os empregos que muitos consideram como modernos, enfrentam desafios na dimensão humana. A capacidade das empresas de reter talentos da área de dados, por exemplo,  está em queda. De um total de 5.217 profissionais da categoria, entre analistas, cientistas e engenheiros de dados, 50,1% participaram de entrevistas de emprego em 2024 e 60,4% dos selecionados optaram por mudar de companhia – ante 55,7%, em 2023.
 
Esses números aparecem na pesquisa “State  of data”, realizada pela consultoria Bain em parceria com a Data Hackers, comunidade de profissionais do setor de dados. O levantamento nacional demonstrou que, do total de entrevistados, a maior parte era da região Sudeste (60,5%) e 21,4% ocupavam cargos de gerência ou superior.O principal critério levado em conta nas transições foi a remuneração (81% do total de menções em 2024, ante 75,2% em 2023), seguido pelo modelo de trabalho (58,2%) – a maioria dos times atua ou prefere regimes flexíveis ou 100% remotos.
 
Novos tempos exigem novos modelos de relacionamento e de gestão de pessoas. Mais do que nunca, as empresas precisam redefinir suas estratégias de relacionamento e gestão, alinhando-as às expectativas e anseios da força de trabalho contemporânea. Essa adaptação proativa é crucial para o crescimento contínuo e a relevância no mercado atual.
 
 
(*) João Roberto Benites, Presidente do Conselho de Administração da Tekno S/A. Atua como Conselheiro Consultivo da Grand Thorton Consultoria e do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas, em  São Paulo. É Conselheiro  certificado pelo IBGC. É um especialista em expansão estratégica de empresas.
 
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