FIDCs sustentáveis ganham espaço e atraem atenção do mercado
22/07/2025 às 16:50
FIDCS ESG_Shutterstock
Com marco regulatório claro e maior demanda por impacto positivo, o Brasil abre caminho para um novo ciclo de inovação financeira
 
Uma nova geração de Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) “verdes” começa a ganhar força no mercado brasileiro, impulsionada por discussões regulatórias na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros de Capitais (Anbima) e pelo avanço na definição de critérios socioambientais. Com regras mais claras, o setor se prepara para atrair recursos de impacto e consolidar práticas ESG (Environmental, Social and Governance). Para André Fauth, CEO da Catálise, a maior gestora de FIDCs do Sul do Brasil, o momento é decisivo: “A credibilidade desses fundos depende de estruturação rigorosa e governança transparente”, afirma.
Desde a publicação da Norma nº 18, em julho de 2023, a Anbima passou a permitir que fundos utilizem o sufixo “IS” quando atendem a exigências como definição explícita de objetivo sustentável, critérios de elegibilidade de créditos, políticas de desinvestimento e mecanismos de reporte ESG. Fundos que apenas integram fatores ESG, sem foco exclusivo em sustentabilidade, podem ser identificados como "integra ESG", desde que detalhem a estratégia em regulamento. “A mudança estabelece um novo padrão de transparência e disciplina, com o objetivo de combater o greenwashing e oferecer mais segurança ao investidor”, explica Fauth.
A Catálise, que alcançou recentemente R$ 11 bilhões em FIDCs sob gestão, tem se destacado na liderança de fundos com foco ESG. Para Fauth, o interesse por critérios ambientais, sociais e de governança está em alta entre gestores e originadores. “Tem muita gente querendo fazer diferente, mas boa vontade não basta. Um fundo ESG exige governança firme, critérios bem amarrados e monitoramento constante para garantir que a proposta se sustente na prática”, diz.
 
Expansão
Levantamento da Anbima indica que mais de R$ 15 bilhões já estão aplicados em FIDCs rotulados como “IS”, frente a um total de R$ 440 bilhões sob gestão na classe. Embora o volume ainda seja modesto, a expectativa é de crescimento com a nova regulamentação. Fauth destaca que a classificação ESG traz benefícios que vão além da captação: “Há efeito positivo de marca, controle e qualidade da carteira. FIDCs ESG bem estruturados são diferencial competitivo”, afirma.
Entre os setores mais promissores para expansão desses fundos estão o microcrédito, fintechs de impacto, agricultura regenerativa e energia renovável. A Catálise já atua em estruturas que financiam cadeias de baixa emissão de carbono e negócios com foco social direto.
Para Fauth, a consolidação das regras e o amadurecimento dos processos de verificação são essenciais para posicionar os FIDCs sustentáveis como peças-chave na transição para uma economia de baixo carbono. “Com marco regulatório claro e maior demanda por impacto positivo, o Brasil abre caminho para um novo ciclo de inovação financeira”, conclui.
 
Sobre a Catálise
Fundada em 2015 por Bruno Lage e Marcelo Aoki, a Catálise tem o executivo André Fauth como CEO e sócio. Com sede em Curitiba (PR) e atuação em mais de 10 estados brasileiros, a empresa tem apresentado um crescimento acelerado. Já são mais de 150 fundos ativos, mais de R$ 11 bi sob gestão. O volume operado é de R$ 47 bilhões A empresa tem sua própria Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM), com mais de 70 fundos e uma carteira de mais de R$ 6 bilhões em ativos.
 
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