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Paulo De Biagi, presidente da Abrafas-Associação Brasileira dos Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas, no ano da COP30, afirma que o setor tem investido milhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento de soluções que minimizem os impactos ambientais. Diz ele: “Nosso compromisso é garantir que a fibra sintética evolua não apenas em performance, como também no campo da preservação ambiental. Isso já ocorre e vai se acelerar nos próximos anos”. Assim, vê na conferência em Belém-PA uma oportunidade estratégica para dialogar sobre o papel do setor na agenda ambiental. Entre as onze associadas, a Antex está entre os exemplos sustentáveis. Com fábrica em Curitiba desde 2001, o grupo espanhol é produtor de filamentos de poliéster. Seu diretor-presidente Rubén Serra destaca que a produção é 100% reciclada de garrafas PET obtidas no Brasil e processada com energia 100% renovável, além do desenvolvimento local da tecnologia de fios biodegradáveis.
De Biagi acrescenta que algumas empresas adotam produtos biodegradáveis e do tingimento em massa (dope dyeing). E outras produzem com componentes orgânicos que se decompõem naturalmente entre dois e cinco anos após seu descarte em aterro ou ambiente marinho. Além disso, elas “seguem rigorosas normas de controle, estabelecidas internacionalmente”. Mas alerta: “A sustentabilidade não pode ser apenas um discurso. É preciso responsabilidade e rastreabilidade. E o consumidor precisa conferir essas certificações”.
Em 2024, o Brasil produziu mais de 207 mil toneladas de fibras sintéticas, com destaque para poliamida, poliéster e elastano. A capacidade instalada ultrapassa 332 mil toneladas. Já no âmbito das fibras artificiais, foram produzidas cerca de 15 mil toneladas de acetato de celulose.
Fundada em 1968, a Abrafas representa a quase totalidade das empresas produtoras de fibras e filamentos químicos no Brasil. Ao lado da Antex estão as gigantes belga Rhodia Solvay, a sul-coreana Hyoisung, a suíça Cerdia, a tailandesa Indorama, a turca Kordsa (foto na página), a israelense Nilit e as norte-americanas Lycra e Unifi. As nacionais são: Dini Textil (capaz de produzir fios de poliéster 100% reciclados a partir de PET. “Tal resultado, incomum na indústria têxtil — que normalmente utiliza apenas frações recicladas —, é viabilizado pelo uso de grafeno na composição dos fios”, afirma a diretora Elomara Dini) e Ecofabril criada há 30anos para transformar as garrafas em fibras de poliéster para diferentes aplicações industriais. Tiago Noronha, diretor comercial, lembra que o negócio sempre foi 100% voltado à reciclagem.