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Adélia Maria Lopes
Quando o Brasil se prepara para a COP 30 e o Paraná amarga o risco de extinção de sua árvore símbolo, a araucária, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal -APRE espera melhorar a cobertura vegetal com árvores cultivadas (eucalipto, pinus e pinheiro). E festeja: um de seus 41 associados, a Águia Florestal, vai exportar para a Filipinas e para o Rio Grande do Sul mais de cem casas pré-fabricadas sustentáveis e de qualidade.
É o sistema construtivo CLT-Cross Laminated Timber, explica o empresário Álvaro Luís Scheffer, presidente da Águia Florestal, que, ao lado do filho Álvaro Luís Scheffer Jr, diretor da empresa, e Ailson Loper, diretor executivo da APRE Florestas, recebeu um grupo de jornalistas dispostos a pisar na lama para conhecer as plantações e a fábrica no município de Ponta Grossa.
Scheffer explica que o CLT são lâminas de madeira coladas em camadas cruzadas, formando painéis resistentes, estáveis e térmicos. O desenvolvimento começou há quatro anos, quando, após conhecimento do processo na Áustria, decidiu fazer painéis com resíduos de madeira de boa qualidade, mas destinados à queima, simplesmente.
Com foco na economia circular e na redução do impacto ambiental (“as casas fabricadas com madeira de árvores plantadas ajudam a reduzir a emissão de carbono”), o projeto, neste primeiro momento, visa o meio rural. “O Paraná vai doar as casas para o governo gaúcho atender agricultores do Rio Grande do Sul, vítimas das enchentes/”, adianta Álvaro Luís Scheffer, que já recebeu pedidos também das Filipinas e da Europa. E anuncia que a tecnologia desenvolvida na sua fábrica é aberta, isto é, disponível para todos interessados.
A madeira é da própria Águia Florestal, que cultiva dez mil hectares de eucalipto e pinus. Levantamento da APRE aponta que o Paraná possui 1,17 milhão de hectares plantados, sendo 710.836,77ha de pinus, 438.721,37 ha de eucalipto e 6.486,96 de araucária. Ailson Loper observa que o cultivo comercial de florestas reduz a pressão sobre florestas nativas, além de contribuir na fixação de carbono, recuperação de áreas degradadas, conservar nascentes, monitorar bacias hidrográficas e conservar milhões de hectares de vegetação nativa dentro de suas áreas.
Segundo a Apre, fundada em 1968, seus 41 associados respondem por 45,4% das áreas plantadas no Paraná e “seguem normas ambientais rigorosas”.
(Em Curitiba, uma casa rural do projeto encontra-se em frente ao campus Agrárias/UFPR, Rua dos Funcionários, 1540).