Adoecimento emocional marca presença nas escolas e nos escritórios
04/07/2025 às 19:41
imagem ilustrativa Shutterstock
Em meio ao avanço dos transtornos mentais no trabalho e na escola, autora lança livro sobre o poder da escuta e do diálogo como caminhos para a cura emocional.

Vivemos um tempo em que crianças chegam doentes à escola e adultos adoecem nos escritórios. Adoecimentos que vão além do corpo. São silenciosos, emocionais, invisíveis aos olhos, mas profundamente sentidos na alma. Quem enxergou esse fenômeno com sensibilidade e profundidade foi Ana Adad, autora do recém-lançado livro “Comunicação Curativa: para transformação pessoal e social”.
A obra nasce da vivência de Ana como líder em comunicação e marketing, mas também como mãe, mulher e profissional atenta às dores humanas. Com um olhar pessoal e sensível, ela identifica uma crescente falta de diálogo que afeta todas as esferas da convivência, seja em casa, no trabalho ou nas escolas. Para ela, estamos nos tornando uma sociedade de “mudos emocionais”, onde o silêncio substitui a escuta, a conversa e o acolhimento.
“Como é possível liderar, ensinar ou se relacionar sem escutar o outro e sem comunicar ao outro?”, questiona. Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC-PR, Ana tem passagens marcantes por grandes empresas e atuou na liderança de equipes diversas. Foi nesse cotidiano corporativo que ela reconheceu padrões de sofrimento: silêncios que ferem, emoções ignoradas, vínculos frágeis.
Comunicação Curativa não é um manual técnico, mas um convite à reflexão. Com linguagem acessível e muitos exemplos reais, o livro mostra como a empatia e a escuta ativa podem transformar relações, ambientes profissionais e, principalmente, pessoas. “Não importa a classe social. As pessoas estão vindo de casas onde não há diálogo. Crianças com educação terceirizada, adultos sem noções básicas de respeito”, afirma. O resultado? Relações truncadas, professores e alunos frustrados, líderes e equipes em desalinho.
Os números confirmam esse mal-estar coletivo. Em 2024, mais de 470 mil brasileiros se afastaram do trabalho por questões relacionadas à saúde mental — um aumento de 68% em relação ao ano anterior, segundo o Ministério da Previdência Social.
Por isso, o livro é pertinente. O seu papel é lançar luz sobre os impactos das redes sociais, da polarização e da falta de alfabetização emocional. Na obra, Ana reúne contribuições de estudiosos e pesquisadores para fundamentar suas ideias, mas faz isso sem jargões, conectando teoria com prática. “Quis escrever algo que ajudasse as pessoas a revisitar suas histórias e repensar suas formas de se comunicar com o mundo e com o outro”, conta.

Quem é Ana Adad
Nascida em Curitiba e criada no interior do Paraná, entre Cruzeiro do Oeste e Umuarama, Ana é a filha mais velha de quatro irmãos. Cresceu em uma família que via a educação como valor central. Uma herança moldou o amor pelos livros desde a infância. Incentivada pelos pais, leu muito cedo, alimentando a paixão pelas palavras.
Na escola, foi uma professora de redação quem despertou seu talento para a escrita. Embora tenha cogitado cursar Arquitetura, o amor pela escrita falou mais alto. Iniciou a carreira em agências, migrou para o marketing e logo encontrou seu espaço. Sempre teve um papel ligado à comunicação, ouvindo histórias e conectando pessoas.
A maternidade, com a chegada de Maria Clara (2007) e Luca (2011), foi um divisor de águas. “Aprendi tolerância, escuta e o quanto é importante reconhecer a individualidade do outro”, diz. Essa vivência, somada às marcas de uma infância com silêncios difíceis e conflitos internos, deu forma à sua missão: usar a comunicação como ferramenta de cuidado e transformação.
Ana costuma dizer que não é pedagoga, mas fala de emoções com propriedade, por ser mãe, executiva e líder. Hoje, atua como CMO e CCO para projetos especiais de comunicação, conversas difíceis, comunicação intergeracional.  Já passou por cargos de destaque em empresas como Coca Cola, Ambev, Heads Propaganda, Darnel, Berneck e Fiep. Atuou como conselheira no Capitalismo Consciente Brasil e do Ministério da Cultura (MINC). Atualmente atua de forma independente atendendo várias empresas com o objetivo de melhorar o diálogo e a comunicação. “Adoecidos em silêncio, precisamos de pontes, não de muros. E a comunicação pode ser o primeiro passo para a cura”, resume.

Serviço
Comunicação Curativa é uma publicação independente, disponível na Livraria da Vila e na Amazon (e-book em inglês e português). Pode ser encontrado também nas principais plataformas de áudio book, com narração exclusiva da autora.
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