Livro da poeta e artista Natasha Tinet retornam ao público com poemas que misturam melancolia e humor tragicômico
 
“nossa senhora do foco,
não dê minha alma como perdida.
rogai por minha mente inquieta, dai-me sentido na vida.
mate meu talento, já não me importo, quero ser senso comum.”
Versos como esses, extraídos da Oração a Nossa Senhora do Foco, residem no centro nervoso de “Veludo Violento”, livro de estreia da poeta e artista visual Natasha Tinet. Com uma poesia que percorre territórios sombrios, sua escrita atravessa também um tom tragicômico no qual melancolia e humor se mesclam. Essa dualidade se reflete no título e nos 33 poemas presentes na publicação. Como um “Veludo Violento”, a poesia de Natasha parece suave por fora, mas que guarda dentro de si uma força e impetuosidade capazes de se impor, como se o humor que pulsa no texto fosse um modo de superar a dor.
É com essa energia que Natasha Tinet relança neste sábado (5), às 11h, na Livraria Arte & Letra, em Curitiba, a nova edição de “Veludo Violento”. O evento terá um bate-papo com a autora, mediado pela escritora Julia Raiz. Publicado originalmente em 2018 pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos e finalista do Prêmio Biblioteca Nacional no ano seguinte, Veludo retorna agora com projeto gráfico artesanal da editora curitibana Arte & Letra, além de ilustrações e duas opções de capa, nas cores rosa e azul, assinadas por Natasha.
REENCONTRO
Segundo a poeta, relançar Veludo trouxe mais liberdade artística. “O bom dessa segunda edição é que foi um livro muito mais meu”, afirma. “Tive mais liberdade de fazer a capa, de ver as ilustrações do jeito que eu queria, as cores.”
Para Natasha, a publicação da nova edição marca também uma experiência de revisitação artística e pessoal. “É um encontro com quem eu era na época que escrevi e com a pessoa que sou agora. Também tem o maravilhoso espanto de pensar, ‘foi eu quem escreveu isso?’ E continuar orgulhosa da minha escrita”.
Composto de forma quase acidental, “Veludo Violento” surgiu quando Natasha Tinet tentava conciliar o trabalho com a vontade de viver da escrita. A ideia inicial era produzir pequenos textos para acompanhar potes de geleia artesanal que a autora pretendia vender. Mas os versos que falavam de solidão, insônia e outras inquietações logo tomaram outro rumo e as geleias foram distribuídas para a família. Reunidos e apresentados ao coletivo curitibano Membrana, grupa de escrita da qual Natasha faz parte, os poemas reunidos no livro foram inscritos no edital da Imprensa Oficial Graciliano Ramos e acabaram selecionados.
Entre imagens de infância, relações afetivas e críticas ao imaginário feminino, como na série de poemas em que uma garota confronta uma boneca Barbie falante, “Veludo Violento” apresenta uma escrita atravessada por memória, humor e vontade de dizer o indizível.
Sobre a autora
Natasha Tinet nasceu em 1988, em Palmeira dos Índios (AL), e cresceu em Maceió. Vive em Curitiba desde 2014, onde integra a grupa Membrana. Além de “Veludo Violento”, publicou a plaquete Silêncio Bergman (Editora Primata, 2021) e o livro Uma alegria difícil (Kotter Editorial, 2021). Atua também como ilustradora e colagista, com trabalhos para livros, capas de discos, podcasts e eventos culturais.
 
Serviço
Lançamento do livro “Veludo Violento” e bate-papo com Natasha Tinet
Sábado, 5 de julho
11h
Livraria Arte & Letra
Rua Desembargador Motta, 2011, Centro, Curitiba