
Crédito: ShutterStock - Divulgação - Faculdade Santa Marcelina
Diagnóstico já no primeiro ano de vida e abordagens como hidroterapia, ABA e equoterapia ampliam qualidade de vida e desenvolvimento motor de crianças com TEA
A fisioterapia tem ganhado destaque nas estratégias de cuidado ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), oferecendo abordagens inovadoras que vão desde o diagnóstico precoce do transtorno até o uso de terapias sensoriais e integrativas. O professor da Faculdade Santa Marcelina, Arthur dos Santos Pinto Jr., fisioterapeuta e mestre em Pediatria pela UNESP, destaca que os avanços recentes permitem transformar significativamente o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes.
“Um dos maiores avanços foi a comprovação científica do uso da escala General Movements Assessment, que permite detectar sinais de autismo, TDAH ou deficiência intelectual ainda no primeiro ano de vida”, explica Arthur. A identificação precoce abre caminho para intervenções terapêuticas antes mesmo do aparecimento pleno dos sintomas, oferecendo à criança maiores chances de desenvolvimento funcional.
Foco motor e sensorial
A fisioterapia atua de forma direta na aquisição de habilidades motoras como se sentar, andar e manter o equilíbrio, mas também vai além, influenciando comportamentos e respostas sensoriais. “Trabalhamos para estimular os padrões motores típicos e reduzir comportamentos repetitivos, promovendo a autonomia e integração social das crianças com autismo”, afirma o especialista.
Abordagens que ampliam resultados
Técnicas modernas vêm se destacando no tratamento fisioterapêutico. A Análise do Comportamento Aplicada (ABA), a hidroterapia e a equoterapia são algumas das mais promissoras, proporcionando estímulos motores, sensoriais e emocionais que favorecem o progresso global do paciente.
“A psicomotricidade também desempenha papel crucial, integrando aspectos motores e emocionais e ajudando a criança a reconhecer o próprio corpo, interagir com o meio e desenvolver a comunicação”, acrescenta Arthur.
Avaliação contínua e individualizada
Segundo o professor, escalas como Denver II, Bayley III e AIMS (instrumentos utilizados para avaliar o desenvolvimento infantil, cada uma com suas características e propósitos específicos), são aplicadas para mensurar o progresso motor, além de observações sobre postura, resposta sensorial e controle motor fino e grosso. “Cada criança tem um perfil único, por isso o tratamento precisa ser individualizado, contínuo e adaptado às suas necessidades”, enfatiza.
O desafio da personalização
Entre os principais desafios está justamente essa diversidade entre os pacientes. “Não existe uma receita pronta. O fisioterapeuta precisa estar preparado para combinar técnicas, adaptar abordagens e trabalhar em equipe com outros profissionais da saúde e da educação”, diz Arthur.
A fisioterapia, cada vez mais baseada em evidências científicas e integração multidisciplinar, se consolida como uma das áreas-chave no cuidado integral de pessoas com autismo, atuando desde os primeiros sinais até a promoção da qualidade de vida ao longo da vida.