Brasil retoma agenda com países do Caribe para ampliar a cooperação
14/06/2025 às 12:44
RICARDO STUCKERT/PR

Ao abrir a Cúpula Brasil-Caribe, nesta sexta-feira (13/6), no Palácio do Itamaraty, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a ampliação do diálogo e da cooperação entre o Brasil e países caribenhos. O encontro reúne representantes de 16 nações e marca uma agenda de aproximação com a região.

APROXIMAR PARA UNIR — Com o lema “Aproximar para unir”, o presidente relembrou a Cúpula Brasil-CARICOM, realizada em 2010. De lá para cá, disse, Lula, a relação do Brasil com os países caribenhos oscilou entre avanços, estagnação e retrocesso. “O lema desta reunião vem da frase final do discurso que proferi na Cúpula de 2010. Passados 15 anos, ele traduz um desafio inacabado. Nosso intercâmbio comercial diminuiu 30% desde então. Tínhamos um fluxo de mais de 6 bilhões dólares, que agora gravita em torno de 4 bilhões”, afirmou Lula.

PRIORIDADES — O presidente destacou cinco segmentos para atuação conjunta entre Brasil e Caribe para modificar esse horizonte: mudança do clima, transição energética, segurança alimentar, conectividade e apoio ao Haiti. Lula também apresentou ações concretas que marcam o compromisso brasileiro com a região.

COP30 — Lula destacou a importância de fortalecer o trabalho conjunto na agenda climática, especialmente em torno da COP30, que será no Brasil, em Belém (PA), em novembro de 2025. Ele ressaltou o apoio técnico do Brasil com a Parceria para as NDCs, em parceria com a Dinamarca, que oferece suporte aos países caribenhos na formulação e implementação de suas metas climáticas.

“Precisamos chegar unidos à COP30 em Belém. Nossa medida de sucesso será o grau de ambição das novas NDCs a serem apresentadas. A nova meta do Brasil, que prevê redução de emissões entre 59 a 67%, foi produto de um intenso exercício interno”, destacou Lula. “Avançar na adaptação à mudança do clima e na compensação por perdas e danos é uma questão existencial para os Pequenos Países Insulares em Desenvolvimento”, acrescentou, lembrando que defendeu esse mesmo tempo no início da semana na Conferência da ONU sobre os Oceanos, em Nice, na França.

Lula mencionou o papel do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) no monitoramento de efeitos da elevação do nível do mar e o compartilhamento de imagens de satélites sino-brasileiros com todos os países da América Latina e do Caribe. “Existem importantes sinergias entre a Iniciativa de Bridgetown, lançada por Barbados, e o mapa do caminho Baku-Belém para atingir 1,3 trilhão de dólares em financiamento climático. Cabe aos países ricos fazer frente a suas responsabilidades, para que o Sul Global possa avançar em ritmo compatível com suas circunstâncias”, argumentou.

TRANSIÇÃO ENERGÉTICA — A segunda frente apontada pelo líder brasileiro é a transição energética, com foco na valorização de diferentes fontes de energia nos países em desenvolvimento. Lula evidenciou a produção de energia eólica e solar dos países caribenhos e o planejamento estratégico para atrair investimentos de longo prazo. “A opção brasileira pelos biocombustíveis permitiu que a cana-de-açúcar passasse de símbolo do passado colonial a passaporte para um futuro sustentável. O Caribe, que divide esse passado com o Brasil, também pode fazer parte desse futuro. A região tem imenso potencial para a produção de energia eólica e solar”.

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