
© Valter Campanato/Agência Brasil
O dólar interrompeu nesta terça-feira uma sequência de três sessões de baixa no Brasil e fechou em leve alta ante o real, em meio à cautela dos investidores com o pacote fiscal do governo Lula que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de IOF anunciados no fim de maio.
A moeda norte-americana à vista fechou com elevação de 0,11%, aos R$5,5689, após ter atingido na véspera a menor cotação desde outubro do ano passado. Em 2025, a divisa dos EUA acumula perdas de 9,87%.
Às 17h24, na B3, o dólar para julho -- atualmente o mais líquido no Brasil -- subia 0,13%, aos R$5,5920.
Sem notícias de impacto vindas do exterior, onde investidores aguardavam novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o mercado de câmbio brasileiro se voltou para a agenda doméstica.
Pela manhã o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,26% em maio, ante o avanço de 0,43% em abril, passando a acumular em 12 meses alta de 5,32%, contra 5,53% antes.
Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de avanços de 0,33% no mês e de 5,40% em 12 meses.
Apesar do impacto na curva de juros brasileira, o resultado do IPCA teve pouca influência sobre o dólar, que oscilou na sessão entre altas e baixas em margens estreitas. Profissionais ouvidos pela Reuters argumentaram que as dúvidas sobre o pacote de medidas fiscais do governo Lula, que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), congelaram os negócios.
No início da tarde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo vai propor ao Congresso uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras, e que será proposto o aumento da tributação de Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%.
Na véspera a Reuters já havia informado que o governo decidiu propor a alíquota unificada de 17,5% de IR sobre rendimentos de aplicações financeiras, exceto as incentivadas. Com isso, os ganhos em operações como as de renda fixa e ações serão impactados.
Um dos objetivos é que as medidas abram espaço para uma recalibragem do IOF. De acordo com Haddad, o ganho fiscal obtido com a aprovação das medidas será usado majoritariamente para recalibrar o dispositivo que implementou cobranças de IOF sobre o risco sacado -- modalidade de crédito usada por empresas.
Mas como não há clareza sobre isso, “muitos clientes (estão) esperando a quarta-feira, represando operações”, acrescentou Bergallo.
Após registrar a cotação mínima de R$5,5388 (-0,43%) às 11h18, o dólar à vista atingiu a máxima de R$5,5787 (+0,29%) às 15h56, para depois fechar pouco abaixo disso.
No exterior, às 17h22 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,07%, a 99,036.
Pela manhã, o Banco Central vendeu toda a oferta de 35.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de julho de 2025.
Fonte: Reuters