
O filme A Voz de Deus, em que o diretor Miguel Antunes Ramos mostra crianças ministrando pregações, um fenômeno popular e crescente no Brasil, tem estreia nacional na Mostra Competitiva Brasileira do 14º Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba, que começa em 11 de junho. Outra produção brasileira que chama atenção é o curta metragem Girassóis, que aborda a escala de trabalho 6x1.
O festival será aberto na Ópera de Arame e depois prossegue até dia 19 em cinemas da Fundação Cultural de Curitiba, com QG no Cine Passeio. São mais de 90 longas e curtas-metragens de todo o mundo, que integram as diferentes mostras do evento.
Os ingressos podem ser adquiridos pelo site oficial
www.olhardecinema.com.br com valores que variam de R$8 (meia-entrada) a R$16 (inteira). A programação conta também com sessões gratuitas nas exibições de curtas-metragens na Cinemateca de Curitiba, no Teatro da Vila e no Cine Guarani
A Voz de Deus

Produção paulista, o longa A Voz de Deus gira em torno de duas crianças pregadoras para focalizar o crescimento neopentecostal no Brasil nos últimos anos, tanto de forma física nos púlpitos das igrejas, como de forma online, nas telas dos smartphones e redes sociais. No fundo, fiéis e pastores buscam uma vida melhor através da fé.
Miguel Antunes Ramos mergulha no universo familiar e religioso dos dois pastores mirins de gerações distintas: Daniel, de 17 anos, já foi a criança pregadora mais famosa do Brasil, mas à medida que cresce, vê cada vez menos interesse por parte do público. Por sua vez, João, de 12 anos, está no auge. Ele possui um milhão de seguidores no Instagram e prega para multidões.
Oferecendo pistas para a compreensão dessa trajetória, o longa revela a infância e juventude escondidas sob a construção de suas figuras públicas em um país que frequentemente confunde política e religião.
O longa tem sessões no dia 12 de junho, às 21h, na sala Claro do Museu Oscar Niemeyer, e no dia 13, às 13h30, no Cine Passeio.
Girassóis

Concorrente na Mostra Competitiva Brasileira de Curtas, Girassóis, de Jessica Linhares e Miguel Chaves, se baseiam em um fato real para denunciar a precarização do trabalho no Brasil. Os atores Wilson Rabelo e Márcia Santos vivem José Carlos e Glória, um casal do subúrbio carioca, que, mesmo após os 60 anos, precisam continuar trabalhando para garantir a sobrevivência. Ele, que atua como fiscal de loja de uma grande rede de supermercados, é subitamente transferido para uma filial mais distante, enquanto ela, professora aposentada, complementa a renda como motorista de aplicativo.
Na vida real, José morreu, enquanto trabalhava num supermercado em Recife, mas sua morte foi encarada com indiferença.
Girassóis conta esse drama de forma ficcional. Contudo, reflete a lógica da escala 6x1, em que para cada momento de descanso ou lazer, há seis vezes mais momentos que retratam o trabalho, intensificando a sensação de exaustão.
Girassois será exibido nos dias 14 de junho, às 19h45; e 17 de junho, às 18h30, na Cinemateca. Em exibição nos mesmos dias os curtas “Después del Silencio” (Dir. Matilde-Luna Perotti | Canadá | 2024 | 14’); “A Nave que Nunca Pousa” ( Dir. Ellen Morais | Brasil | 2025 | 15’) e “Ídolo Evanescente” (“ليخنلا تابس” | Dir. Majid Al-Remaihi | França, Kuwait, Catar).