por Valdir de Córdova Bicudo
Na busca para entender a escalada interminável de erros da confraria do apito, na interpretação e aplicação adequada das Regras do Jogo no Brasileirão conversei com um ex-dirigente da comissão de árbitros da CBF. Nossa conversa iniciou com a ausência de renovação dos apitos e terminou com os motivos da decadência da arbitragem brasileira, sobretudo, no principal campeonato do nosso futebol, o Brasileirão.
A CBF, disse-me o dirigente, não pode ser responsabilizada pelo que está acontecendo, porque quem forma e indica os árbitros são as Federações de Futebol, que têm voz ativa perante a Confederação. Na verdade, a lista com o nome dos árbitros dessas entidades vem pronta, e a CBF, salvo um fato relevante, pode vetar um ou outro nome. Ou seja, a listagem é referendada e ponto final.
Ato contínuo, questionei o dirigente com quem falava, sobre a indicação dos instrutores e observadores não serem escolhidos pela CBF – sendo que já tivemos, e há quem afirme que ainda existem, casos de pessoas que exercem essas funções em associações e sindicatos dos árbitros. A resposta veio na mesma toada: a CBF não tem condições de se opor, porque eles são indicados pelas Federações de Futebol.
Não satisfeito com as explicações, fiz um questionamento com amplitude nos seguintes termos: o Campeonato Brasileiro de Futebol e as demais competições da CBF são organizados por quem? Quem confecciona a tabela e o regulamento? Quem estabelece se os estádios estão aptos a sediar os jogos? Quem confecciona as tabelas? Quem dá condições de jogo via (BID) aos atletas? Quem escala os árbitros? Quem é que ministra cursos, testes teóricos, físicos e práticos à arbitragem do Brasileirão para os prélios? Quem estipula a pecúnia a cada porfia, aos árbitros?
Quem é o responsável pela entrega da vestimenta que a arbitragem é obrigada a usar, em todas as competições da CBF? Quem determina a empresa aérea para a arbitragem viajar ao destino das partidas? E o horário dos jogos? O ex-dirigente e amigo foi taxativo: é a CBF.
A arbitragem brasileira necessita, para resgatar a credibilidade qualitativa dos seus árbitros, passar por uma uma oxigenação irrestrita, em todos os setores da comissão de árbitros da entidade, concomitantemente no quadro de árbitros. Pois, do contrário, tudo vai continuar como “Dantes no quartel de Abrantes”.
PS: Diante do motivado acima, a reformulação e a melhora das tomadas de decisões dos homens do apito está nas mãos do novo presidente da CBF, Samir Xaud, e de mais ninguém!
Valdir Bicudo é ex-árbitro de futebol e comentarista de arbitragem