Musculação como aliada contra dores nas costas: prevenção e reabilitação com base científica
28/05/2025 às 11:12
Luiz Otavio Almeida, educador fisico e gerente de musculação da Cia Athletica. Crédito Valterci Santos
Com mais de 63% dos brasileiros relatando dor nas costas no último ano, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a musculação tem emergido não apenas como um caminho para o condicionamento físico, mas como ferramenta fundamental na prevenção e no tratamento dessas dores. A prática, quando bem orientada, pode ser decisiva para restaurar a qualidade de vida e a funcionalidade de quem convive com desconfortos crônicos. É o que defende Luiz Otavio Almeida, educador físico e gerente de musculação da Cia Athletica de Curitiba, em entrevista exclusiva.
“Entre as principais causas das dores nas costas estão o sedentarismo, o sobrepeso e o estresse. A musculação atua diretamente nesses fatores”, explica Luiz Otávio. “O pior caminho para quem sofre com dores na coluna é permanecer inativo”, enfatiza.
Um dos focos principais do trabalho preventivo e terapêutico com musculação está no fortalecimento do core — grupo de músculos que inclui abdominais, lombares e pélvicos. Segundo o especialista, esses músculos são essenciais para a proteção da coluna contra sobrecargas. Exercícios como a prancha ventral, ponte inversa e o chamado “perdigueiro em X” (que trabalha estabilidade e controle motor) são indicados, especialmente em modalidades isométricas.
Mas Luiz Otavio faz um alerta importante: não existe um exercício “mágico” que sirva para todos. “A escolha correta depende de uma avaliação funcional individualizada, que orienta o profissional na prescrição dos movimentos mais seguros e eficazes para cada aluno.”

Corrigir desequilíbrios é chave para evitar lesões
Dores recorrentes, especialmente na região lombar ou cervical, muitas vezes são resultado de desequilíbrios musculares, posturais ou funcionais. Por meio de avaliações específicas — como a postural, que observa desalinhamentos articulares, e a funcional, que testa padrões de movimento —, é possível detectar falhas que afetam a estabilidade do corpo.
“Com essas informações, estruturamos um treino que reorganiza esses desequilíbrios. Utilizamos inclusive exercícios com perturbações externas, que ativam tanto os grandes músculos quanto os estabilizadores, melhorando o controle motor”, explica.
Embora o acesso a academias e tutoriais de treino esteja cada vez mais fácil, Almeida alerta para os perigos da musculação sem acompanhamento técnico. “Infelizmente, é muito comum vermos pessoas praticando musculação sem a devida orientação. Isso pode agravar quadros de dor já existentes e levar a lesões sérias”, afirma.
Para quem já sente dores nas costas, esse risco se multiplica. A abordagem errada pode afastar o aluno da atividade física e impedir que ele se beneficie dos efeitos positivos do exercício sobre a dor.
A musculação eficaz vai além da execução técnica dos movimentos. O trabalho de consciência corporal — ou seja, a capacidade de perceber e controlar os próprios movimentos — é, segundo Luiz Otávio, essencial para consolidar bons hábitos fora da academia. “Esse ganho se reflete em atitudes do dia a dia, como sentar corretamente ou levantar objetos com segurança. A longo prazo, isso contribui para uma postura melhor e menor incidência de dores”, conclui.
Pessoas com dores crônicas, especialmente na lombar ou cervical, também podem — e devem — iniciar a musculação, desde que com acompanhamento profissional. “A inatividade prolongada só agrava a dor e dificulta a reabilitação”, explica Luiz Otavio. “Com uma avaliação adequada, é possível criar um plano de treino individualizado, seguro e eficaz”, afirma.  Além dos ganhos físicos, o especialista destaca o impacto emocional do exercício: “A melhora da autoestima, da confiança nos movimentos e da sensação de controle sobre o próprio corpo faz parte do processo de cura”.
Em um país onde a dor nas costas afeta milhões e impacta diretamente a produtividade e a qualidade de vida, a musculação — quando bem orientada — se apresenta não apenas como atividade física, mas como verdadeira estratégia de saúde pública.
 
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