Novos talentos frente à inteligência artificial: desafios, oportunidades e a jornada profissional
19/05/2025 às 20:56
Por Vinicius Paulo Raimundo, Mestre em Gestão de Organizações, Liderança, especialista em Gestão de TI, Gestão de Pessoas e Gerente de TI do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE/PR)._

Viver em meio a robôs, ser atendido por eles em estabelecimentos comerciais e até tê-los como assistentes pessoais poderiam parecer cenas de um filme de ficção. Porém, em 2025, a inteligência artificial (IA) já é uma realidade que transformou diversos setores da economia e, dentro das empresas, sua presença aumenta cada vez mais. Entre os jovens que estão ingressando no mercado de trabalho, esse cenário causa um impacto direto, já que a IA reconfigura funções tradicionais e, por consequência, gera cargos que exigem novas habilidades e uma capacidade de adaptabilidade para os que  buscam se destacar.

Por isso, os estudantes do ensino superior ou recém-formados que procuram oportunidades no mundo do trabalho precisam compreender as oportunidades que as novas tecnologias oferecem e, ao mesmo tempo, os desafios que elas impõem. Os métodos de contratação, as funções existentes e os setores mais promissores já não são mais os mesmos. A pessoa que, há vinte anos atrás, entregou uma folha de currículo impressa na recepção da empresa para ser contratada na área de RH, hoje filtra currículos enviados por plataformas on-line com o auxílio da IA.

Com a abrangência das aplicações, a tecnologia faz parte da maioria dos setores e, assim, as empresas buscam profissionais que saibam utilizar as ferramentas para otimizar processos e tomar decisões de forma mais precisa e embasada. Nesse sentido, a programação e a análise de dados se destacam, permitindo que os robôs assumam funções repetitivas, operacionais e de maior risco para que os humanos possam focar nas áreas de criatividade, estratégia e liderança. Ao contrário do que alguns pensam, a IA amplia as capacidades humanas, mas nunca as substitui totalmente.

Na educação, no atendimento ao cliente e em diversas outras áreas, programas que utilizam como base a IA já são realidade. No Paraná, por exemplo, o Governo do Estado anunciou em 2024 uma parceria com o Google para o desenvolvimento de três ferramentas: a autobiometria, que será utilizada pelo Detran; a plataforma LIA, focada em melhorar a capacidade de leitura de crianças do 2.º ano do ensino fundamental; e o desenvolvimento do e-sistema de atendimento digital automatizado para responder perguntas sobre projeto e obras da Ponte de Guaratuba. Para 2025, a expectativa é que mais 27 aplicações de IA sejam lançadas.

Já no cenário nacional, não se pode ignorar as disparidades que ainda existem no acesso à tecnologia e o novo impacto disso perante as transformações promovidas pela tecnologia no mercado de trabalho e nas vagas disponíveis para jovens ingressantes. No Brasil e em muitos outros países, a falta de acesso de qualidade à internet e aos próprios dispositivos ainda é um obstáculo para a inclusão digital. Jovens que não têm acesso às ferramentas necessárias para desenvolver habilidades essenciais podem perder espaço no mercado.

Esse gap digital é um dos maiores desafios para a criação de um mercado de trabalho mais inclusivo. Por isso, o papel das instituições de ensino, das organizações governamentais e das empresas privadas é fundamental para a criação de programas de capacitação que promovam o acesso a estágios e oportunidades de formação para a nova geração. A capacitação técnica deve ser parte do movimento de adaptação de toda a sociedade para proporcionar aos jovens a possibilidade de competir em um mercado cada vez mais globalizado e altamente tecnológico.

Portanto, para os que se preparam para entrar no mercado de trabalho, a mensagem é clara: a colaboração com a IA será fundamental. Aqueles que investirem em áreas tecnológicas e adquirirem habilidades em análise de dados, programação e outros campos relacionados à IA estarão bem posicionados para ter sucesso no novo cenário. O trabalho do futuro não será uma competição entre humanos e máquinas, mas sim uma colaboração que amplifique as habilidades de ambos.
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