
Foto de Kunj Parekh na Unsplash
por Luiz Felipe Leprevost
Nosso filho Antônio reclamou de dor de cabeça na escola. Fomos busca-lo e o levamos para a emergência do Pequeno Príncipe. A médica do pronto socorro o examinou, veio a suspeita. Solicitou punção da medula, que confirmou: meningite viral. À essa altura meu coração já vinha sendo cortado aos pedacinhos pela preocupação.
Nosso menino precisou ser internado. Tantos dias fora de casa, noites mal dormidas, incertezas, os exames que seguiram, a colocação do cateter, as máquinas disso e daquilo, a sedação para os procedimentos, tudo fundamental para o tratamento, mas que dureza. Nessas horas, nos agarramos ao que de fato é importante: a família unida e perto, o amor confortando os momentos difíceis.
Nosso filho, dois aninhos e meio, foi tão corajoso e amoroso. Teve a certeza que sua mãe e seu pai estávamos o tempo todo com ele. Aliás, cada criança que vi com a roupinha do hospital, com a mãe ou o pai vindo atrás com o suporte do soro pendurados, trazia muito mais coragem e resiliência do que medo consigo.
Nosso filho foi melhorando, se acostumando com as enfermeiras que vinham ajustar a medicação e medir os sinais vitais. O termômetro virou a girafinha, o oxímetro o jacaré, o estetoscópio o elefante. Quando pudemos passear com ele pelo corredor, o suporte do soro virou seu pocotó. Precisei ir até o shopping para comprar um pijama para ele. Passei rapidinho na livraria e trouxe um exemplar do Pequeno Príncipe, que eu não lia há décadas. Contamos a história, mostrando que os desenhos nas paredes e nos lençóis eram os personagem do livro.
Depois que dormiu, anotei algumas das frases da obra do Exupéry, uma mais bonita que a outra: “todas as pessoas grandes foram um dia crianças – mas poucas se lembram disso”; “é preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas”; “é loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo”; “o essencial é invisível aos olhos, e só se vê bem com o coração.”
O coração das profissionais do hospital nos emocionou. Cada enfermeira e técnica de enfermagem, as senhoras da copa e da limpeza… todas foram demais com nosso piazinho. A atenção da Dra. Simone Borges da Silveira com um pai e uma mãe tão aflitos foi especialmente tocante.
Por meio desta sincera crônica, eu e a Lívia queremos agradecer imensamente. O Pequeno Príncipe é uma benção, um instrumento divino para ajudar tantas e tantas crianças.