Conflito geracional: empresários enfrentam dificuldades em trabalhar com a nova geração
Diferenças de valores, estilos de trabalho e comunicação entre gerações estão criando tensões dentro das empresas e líderes precisam repensar estratégias de gestão
06/05/2025 às 14:17
Foto da sala de aula da Faculdade do Dono, treinamento do Potencialize, da Potencial Pleno Créditos: Potencial Pleno
A diversidade geracional é uma realidade cada vez mais presente no mercado de trabalho. Baby Boomer (nascidos entre 1946 e 1964), Geração X (1965 - 1980), Millennials (1981 - 1996) e a Geração Z (1997 - 2010) estão compartilhando o mesmo espaço. No entanto, essas diferentes perspectivas têm gerado conflitos no ambiente corporativo.
Cada geração carrega valores e formas de comunicação distintas. Os Baby Boomers cresceram em uma cultura voltada à estabilidade, à indústria e à valorização da hierarquia. A Geração X vivenciou a transição digital, são flexíveis e adaptáveis. Os Millennials, por sua vez, são frutos da globalização, conectados com a inovação e a qualidade de vida. Já a Geração Z é composta por nativos digitais, que preferem ambientes de trabalho flexíveis, diversidade e inclusão. 
Essa convivência intergeracional tem apresentado diversos conflitos em áreas como comunicação, expectativas de carreira, estilos de trabalhos e uso da tecnologia, resultando em baixa produtividade, desavenças internas e até em um ambiente de trabalho hostil.
Todavia, o conflito entre gerações não é uma novidade. “Sempre existiu. A diferença é que agora temos muito mais acesso à informação, temos clareza sobre o que está acontecendo. Dez, vinte, trinta anos atrás, não havia internet nem se publicava sobre o tema”, observa Carol Costa, empresária e cofundadora da Potencial Pleno.
Empreendedora desde os 16 anos, Carol diz ouvir com frequência reclamações dos empresários sobre a nova geração: “as principais são que os jovens de hoje não querem trabalhar, não têm disciplina, querem ficar no celular e ganhar dinheiro sem esforço”.
Na oficina Eromec Mecânica Pesada, fundada há 66 anos por Edemar Eckel, a convivência entre três gerações da mesma família mostra bem esses desafios. Edemar, hoje com 81 anos, ainda trabalha na empresa, agora coordenada pelos filhos Aline, Marcelo e Gerson. A terceira geração já começou a atuar com Marcelo Eckel Filho, sobrinho de Aline.
Mesmo com vínculos familiares fortes, as três criações diferentes causam conflitos. “A maior dificuldade é fazer meu pai entender algumas tecnologias que usamos agora. Explicar que o mundo mudou, que os empregos não são mais como antes”, conta Aline.
Se para nós, com 40 e 50 anos, já é diferente, imagine para o Marcelo, que tem 20 e poucos. Ele não procura seguir com a empresa do mesmo modo que seguimos. A nova geração não pensa da mesma forma sobre trabalho, eles querem reconhecimento, enquanto a nossa buscava construir patrimônio”, analisa.

Mas como mudar esse cenário?
“Nós temos uma consultoria dentro da empresa e fazemos muitas reuniões de alinhamento. Ouvimos as opiniões de cada um e buscamos a melhor decisão em conjunto. É normal que aconteçam alguns conflitos, mas é tudo conversado”, explica Aline. Para Carol Costa, a chave está em aproveitar o que cada geração tem de melhor. "É necessário buscar jovens que desejam crescimento pessoal, que realmente queiram evoluir”, diz. Ela também sugere que a criatividade e o domínio das tecnologias são os grandes atributos dessa geração. Uma dica da mentora é descrever e entender o perfil dos candidatos que a empresa deseja e precisa. Segundo ela, o interesse pelo esporte pode ser um diferencial: “seja natação, ballet ou outro exercício que exija disciplina. A atividade física desenvolve comprometimento e isso se refletirá diretamente no comportamento do jovem dentro do mercado de trabalho”.
Na avaliação da Carol, o ponto de virada está na forma com as lideranças enxergam o problema: “recentemente, comecei a buscar profissionais mais jovens para uma área da minha empresa que acredito precisar de um olhar diferente do meu, que sou de uma geração anterior, um olhar mais criativo. A diversidade vem quando você tem pessoas com pensamentos e crenças diferentes trabalhando juntas. Por isso, a cultura organizacional é tão importante”.
Uma cultura organizacional forte, respeitosa e comunicativa, com missão, valores e comportamentos esperados é essencial para diminuir os conflitos e promover uma integração entre os colaboradores. “Não adianta atrair talentos se a sua empresa não tiver um código de cultura sólido. É a ausência dessa estrutura que gera os principais problemas”, conclui Carol. “No Potencialize, nosso principal treinamento, ajudamos líderes a construir essa base que une e engaje o time. Os empresários da oficina Eromec Mecânica Pesada são nossos alunos, são três gerações distintas, e ensinamos a eles como superar a barreira etária e criar uma harmonia dentro da empresa”.






 
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