
Foto: Divulgação
Evento acontece entre 30 de abril a 03 de maio, com programação gratuita começando em Paranaguá e terminando na Ilha de Superagui
Começa nesta quarta-feira (30/4) o
2.º Festival Popular Leva Caiçara, evento gratuito com mutirão, oficina, contação de histórias, além de exibição de documentário, exposição, roda de conversa e baile de fandango Caiçara! Além de gratuitas, todas as atrações acontecerão em espaços públicos. Porém para o Mutirão, é preciso fazer inscrição nas redes sociais do Festival - para a oficina pode ser feitas na hora. Já para o Baile Caiçara, só vai entrar quem trabalhar no mutirão, já que, como relembram os mestres mais antigos, “quem não trabalha em prol da comunidade não entra!”
O Mutirão desta vez é articulado junto ao Museu Vivo do Fandango Caiçara: BAR AKDOV, localizado na ilha de Superagui, em Guaraqueçaba, tendo como representante o Sr. Laurentino de Souza. Com uma doação de madeiras recebida por intermédio do IPHAN, UFPR E IBAMA, será possível fazer uma revitalização do espaço cultural e aprimoramento da estrutura que atende aos grupos de fandango caiçara durante apresentações e bailes realizados diariamente na comunidade.
Local de referência para a manutenção e preservação do Fandango Caiçara, Patrimônio Imaterial Brasileiro, o AKDOV existe há mais de 30 anos. O espaço reúne regularmente Mestres Fandangueiros da região que já não encontravam mais espaços para cantar, tocar, construir seus instrumentos e no AKDOV foram gradativamente reconhecidos por visitantes e pesquisadores, que registraram suas importâncias e não deixaram que seus nomes fossem esquecidos, como aconteceu com tantos.
Para o Fandango Caiçara, o é ideal é que o chão para se “bater o tamanco” seja de madeira, pois a batida e a dança tradicional retoma os moldes tradicionais em que se utilizavam o tamanco de madeira para trabalho no mutirões, e a sonoridade da batida - madeira com madeira - faz parte percussiva de todo o conjunto da musicalidade caiçara. Até agora, o chão do AKDOV era de cimento e uma das atividades do Mutirão será exatamente refaze-lo, com madeiras.
Para viabilizar essa ação, houve uma união entre coletivos para mobilizar um Mutirão - fundamento da tradição - e para revitalizar este importante espaço cultural.
Outras atividades farão parte do Festival, como a Oficina de Confecção de Máscaras de Folia, ministrada por Angélica Pignata (PE), a exposição fotográfica “Malha Fina”, de Liz dos Anzois, a exibição do documentário “Museu Vivo do Fandango” com roda de conversa mediada pelo historiador caiçara e integrante da Associação Canutilho Temperado Zé Muniz e o professor, músico e etnomusicólogo Ary Giordani. Além de contar com contação de histórias, cortejo e o tradicional baile de fandango.
Vale ressaltar que a salvaguarda do Fandango Caiçara desempenha um papel crucial na preservação e valorização dessa manifestação cultural presente nas regiões litorâneas do sul do Estado do Rio de Janeiro, passando pelo Paraná e São Paulo, até o norte do Estado de Santa Catarina. Essa distinção assegura a proteção e a promoção desse rico patrimônio cultural, que foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Iphan em 2012, garantindo sua perpetuação ao longo das gerações e resguardando a identidade e a memória das comunidades caiçaras e da cultura caiçara em si. Vários grupos tradicionais da própria comunidade serão beneficiados, como a “Família Santos“ e o “Raízes Fandangueira”.
A idealização e Organização do Festival é uma iniciativa do Coletivo Ubá de Fandango Caiçara, da Associação Canutilho Temperado e da Família Santos, que buscam dar visibilidade para essa cultura popular regional e tradicional. Afinal, o encontro de músicos e tocadores das novas gerações com os Mestres Tradicionais é fundamental para sua sobrevivência.
O Festival - A primeira edição do Festival aconteceu em 2023, em Curitiba, com mais de 80 convidados e convidadas dentre caiçaras dos grupos de fandango, oficineiros e oficineiras, artistas, músicos e musicistas, pesquisadores, famílias, representantes de movimentos populares e das comunidades, artesãos. Foram nove dias de evento em um formato de Festival inédito no município com a função multiplicadora e de promoção da nossa cultura regional e patrimônio.
“Como um “Levante” no sentido de insurgência; como uma imersão e inundação da cultura que “Levamos” conosco onde quer que estejamos, trazendo os valores que o caiçara leva com ele – canoa, maré, alimento, música, folia, fé – e é nessa “Levada” da viola, rabeca, caixa, adufo e tamanco e dança que envolvemos as pessoas e despertamos novamente o sentimento de pertencimento a esta cultura que é do Brasil, que é do Paraná, que é nossa – é de todos!”, declaram os grupos e pessoas envolvidos na empreitada.
A curadoria do Festival desde a primeira edição é feita por expoentes desse movimento, pessoas que atuam em áreas interdisciplinares neste trânsito entre o território caiçara, no litoral paranaense, e a capital. “Existe entre eles uma forte ligação familiar, profissional e em torno da pesquisa das manifestações tradicionais. É um grupo que tem Caiçaras, Fandangueiros, Arte Educadoras, pesquisadores, produtores, todo mundo dedicado a criar ações de incentivo às práticas e de estudos, intercâmbios e registros”, pontua Jéssica Quadros, coordenadora do Festival e do Ponto de Cultura Cantarim Cultural, que, como produtora cultural, está celebrando 10 anos de existência.
A curadoria, acrescenta ela, tem a intenção de tirar o foco exclusivo da questão da musicalidade do fandango para mostrar que a cultura caiçara é maior. Ela engloba uma série de saberes de práticas, de lutas, de processos históricos que também precisam ser falados e ouvidos. Para estimular o compartilhamento, o diálogo e o conhecimento mais amplo sobre a cultura Caiçara, ao longo de 4 dias a programação vai reunir pessoas de diferentes lugares que são referência desta rica e diversificada cultura, mestres, mestras, trabalhadores e fazedores da cultura e caiçara que mantém a cultura viva.
A segunda edição do Festival Leva Caiçara é uma iniciativa independente do Coletivo Ubá, Associação de Cultura Popular Canutilho Temperado, Família Santos, Raízes Fandangueira, Mestre Zeca da Rabeca, Ponto de Cultura Cantarim Cultural, Projeto de Extensão Cotinga UFPR.
Conta com o apoio institucional do IPHAN, IBAMA, MAE UFPR, Mandato Goura e apoio cultural do Hostel e Camping Cantinho Superagui, Camping Tubarão, Bar do Magal e Pousada Golfinho.
Ficha Técnica:
Coordenação Geral: Jessica Quadros
Produção Executiva: Jessica Quadros e Ary Giordani
Produção de Logística em Superagui: Jessica Karoline de Castro
Produção de Logística em Curitiba: Jessica Quadros e Ary Giordani
Produção de Logística em Paranaguá: Roberta Liz e Ana Plantas
Assistente: Marcelo Mendonça
Coordenação de obras (Mutirão): Aurélio Gasparini Jr. e Ary Giordani
Curadoria e Programação: José Carlos Muniz, Roberta Liz e Jessica Quadros
Arte e ilustrações: Raphaela Corsi
Oficineira convidada: Angelica Pignata (PE)
Serviço:
O que: 2.º Festival Popular Leva Caiçara.
Quando: entre 30 de abril e 03 de maio de 2025
Onde: Vários endereços do litoral do Paraná
Quanto: Todas as atividades são gratuitas*
Inscrições Mutirão:
https://www.instagram.com/levacaicarafestival/?igshid=MzRlODBiNWFlZA%3D%3D
Para acompanhar toda a programação: @cantarim_cultural; @levacaicarafestival
@fandango.uba; @canutilhio_temperado; @bar_akdov e @familiasantos.superagui
Programação:
30/04
MUTIRÃO:
A partir das 13h no depósito da UFPR, em Paranaguá.
01/05
MUTIRÃO:
A partir das 8h no depósito da UFPR, em Paranaguá.
A partir das 15h no AKDOV, na ilha de Superagui.
02/05
No Bar do Magal
14h às 17h - Oficina de Máscaras de Folia com Angelica Pignata
17h às 18h - Contação de Histórias com Zé Muniz e Jessica Quadros
No AKDOV
18h às 19h - Exibição do Documentário “Museu Vivo do Fandango”
19h às 20h30 - Roda de Conversa
22h - Baile de paga do Mutirão
03/05
13h - Cortejo a Beira Mar
Almoço
Exposição “Malha Fina”, da artista Liz dos Anzóis, nos locais do evento, entre os dias 01 e 03 de maio.