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No próximo dia 13 de abril é celebrado o Dia do Beijo — uma data que celebra carinho, afeto e conexão entre as pessoas. Mas, além da troca de sentimentos, o beijo também pode ser uma via de transmissão para diversas doenças, incluindo a mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como “doença do beijo”.
O médico ginecologista, Jaime Kulak, do Núcleo de Assitencia Médica do Laboratório Frischmann Aisengart e da Dasa, alerta que o beijo é uma forma muito próxima de contato, e por isso, pode favorecer a disseminação de diversos vírus, como o Epstein-Barr, responsável pela mononucleose, além de dos da gripe, Influenza, Covid-19 e até mesmo herpes e HPV.
O que é a doença do beijo?
A mononucleose é uma infecção viral causada mais frequentemente pelo vírus Epstein-Barr (EBV), da família dos vírus herpes. Apesar de ser altamente contagiosa, muitas vezes a doença passa despercebida, já que a maioria dos casos é assintomática.
Nos casos sintomáticos, os sinais mais comuns incluem febre, dor de garganta intensa, fadiga, aumento dos gânglios linfáticos, inchaço do fígado ou baço e, por vezes, manchas brancas na garganta. Também podem ocorrer dor de cabeça, perda de apetite e, em raros casos, complicações neurológicas, como meningite.
“Em geral, o diagnóstico da mononucleose é baseado nos sinais e sintomas dos pacientes, mas algumas vezes pode ser necessário realizar exames laboratoriais específicos. O diagnóstico diferencial com amigdalite bacteriana é importante, pois a mononucleose não deve ser tratada com antibióticos”, explica Dr. Jaime.
A mononucleose afeta principalmente pessoas entre 15 e 25 anos de idade. Possui uma baixa taxa de mortalidade e apresenta manifestações geralmente benignas.
Como ocorre a transmissão
A principal forma de transmissão é por meio da saliva de uma pessoa infectada, o que pode ocorrer através do beijo, compartilhamento de copos, talheres, alimentos ou pelo contato com gotículas de espirro e tosse.
“O período de incubação do vírus pode durar de 30 a 45 dias, e o risco de transmissão não desaparece com os sintomas. Algumas pessoas podem continuar transmitindo o vírus por um ano ou mais”, alerta o especialista.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da mononucleose é feito com base na avaliação clínica e em exames laboratoriais, como hemograma, testes de anticorpos e exames moleculares que detectam o EBV.
Embora não exista tratamento específico para eliminar o vírus, a mononucleose é considerada uma doença autolimitada. Ou seja, tende a regredir sozinha, sendo o tratamento focado no alívio dos sintomas, com repouso, hidratação, uso de analgésicos e antitérmicos.
Quais os riscos e complicações?
Na maioria dos casos, a mononucleose não causa maiores complicações. No entanto, em pessoas com imunidade comprometida, o vírus pode levar a condições graves, como encefalite, síndrome de Guillain-Barré e infecções crônicas. Em casos raros, também pode haver rompimento do baço, quando ele está aumentado.
Além disso, estudos científicos apontam uma relação rara entre a infecção pelo vírus Epstein-Barr e o desenvolvimento de doenças como esclerose múltipla, linfomas e alguns tipos de câncer, como o gástrico e nasofaríngeo.
Prevenção
Embora não exista vacina contra o vírus Epstein-Barr, medidas simples podem reduzir o risco de contágio, como evitar o compartilhamento de utensílios e bebidas, manter boa higiene bucal e, em casos de sintomas gripais ou infecções, evitar o contato próximo com outras pessoas.
“Beijar é um gesto bonito e poderoso, mas é importante estar atento aos cuidados com a saúde, principalmente se houver sintomas de infecção. A consulta médica e o diagnóstico correto são fundamentais para garantir um tratamento adequado e evitar complicações”, conclui o Dr. Jaime.