Ao contrário de certas atitudes intolerantes fermentadas a anos luzes de distâncias dos escombros de Gaza, a paz entre palestinos e israelenses é possível. Pelo menos é o que demonstra Sem Chão, em cartaz nos cinemas ostentando a justa estatueta do Oscar 2025 de Melhor Documentário, ao lado de mais de 60 prêmios em festivais.  
Em 92 minutos, a produção Palestina/Noruega reporta três décadas de lutas e sofrimento, em um trabalho de cinco anos de filmagens dos realizadores Yuval Abraham, Rachel Szor, Hamdan Ballal e Basel Adra.
O jornalista israelense Yuval Abraham e o ativista palestino Basel  Adra são amigos e compareceram à entrega do Oscar, entregando ao mundo o recado mais sensível discurso da cerimônia. Essa amizade, vista no filme, dá um crédito de crença na humanidade.
O território é a Cisjornânia (Masafer Yatta, comunidade ocupada por colonos e exército israelenses), os personagens são as vítimas, a abordagem é a possibilidade de convivência apesar do conflito, a narrativa é de Adra, ali vivendo sob ameaças constantes. Ele documentou a vila durante cinco anos, contando com a colaboração (e depois a amizade) do jornalista Yuval).
Em pleno conflito em Gaza, Adra recebe o Oscar e discursa contra o genocídio (espera-se que seja ouvido aqui e acolá) e comove: “Minha esperança para minha filha é que ela não precise viver a mesma vida que vivo agora, sempre temendo a violência dos colonos, as demolições de casas e os deslocamentos forçados que minha comunidade, Masafer Yatta, enfrenta todos os dias sob a ocupação israelense”. Disse Yuval: “Vivemos em um regime em que eu sou livre sob a lei civil, e Basel está sob leis militares que destroem sua vida e ele não pode controlar”. E almeja “Há um caminho diferente, uma solução política sem supremacia étnica, com direitos nacionais para ambos os nossos povos”.
 

Que as distribuidoras de filme e salas de cinema pelo mundo recebam Sem Chão sem medo, boicote e sem preconceito.

Que o próximo documentário tenha por título Com Chão e Justiça!