Depois de A Mão de Deus, por sinal com fugaz presença futebolística também nesse novo longa, Paolo Sorrentino volta à sua amada Nápoles, personificada por uma bela donna, Parthenope. Interpretada por Celeste Dalla Porta, ela é a figura feminina de um incômodo triângulo amoroso, ao mesmo tempo, a mulher que desperta desejos de um arcebispo, interesse intelectual de um professor universitário e simpatia do escritor norte americano John Cheever (1912-1982), vivido por Gary Oldman.
Parthenope: Os Amores de Nápoles, exibido na competitiva oficial do 77º  Festival de Cannes e estreante na quinta dia 20 de março no Brasil, tem várias camadas, ora ácida ora amorosa, ora bela ora bizarra.
Sinopse: A bela do título do filme, ao nascer nas águas do mar de Nápoles, em 1950, recebe o nome da deusa Parthenope, mito associado ao surgimento da cidade italiana.  A jovem, tal qual a paisagem napolitana,  provoca paixões em homens (incluindo o próprio irmão) e mulheres. No entanto, elasugere mais interessada em levar uma vida acadêmica, dedicada ao estudo da antropologia.
Dos anos 50, o filme vai avançando pelo tempo, da contestação de 1968, dos hippies dos anos 70, das lutas feministas das décadas seguintes, aos dias atuais. Mas Sorrentino jamais se pretende documentarista. Pelo contrário. É provocador, no limite da heresia, vide as cenas de ato sexual em alcova da máfia napolitana e no altar de São Genaro, padroeiro de Nápoles.
A provocação é atenuada pelas cenas de muita beleza, tônica de todo o filme, ao lado de certa irônica nostalgia, realçada pelos diálogos do escritor John Cheever e pela algazarra da torcida napolitana, que respingam numa homenagem felliniana, ilustrada pela figura bizarra e selênica dos instantes finais da trama.
Créditos:  
Parthenope: Os Amores de Nápoles (Itália/França, 2024)
Duração: 136 minutos
Direção e roteiro: Paolo Sorrentino
Fotografia: Daria D’Antonio
Elenco: Celeste Dalla Porta, Stefania Sandrelli, Gary Oldman, Silvio Orlando, Luisa Ranieri, Peppe Lanzetta, Isabella Ferrari, Lorenzo Gleijeses, Daniele Rienzo, Dario Aita, Marlon Joubert, Alfonso Santagata, Biagio Izzo, Paola Calliari, Nello Mascia, Silvia Degrandi