Retorno ao presencial? Profissionais tech preferem o remoto
Modelo híbrido ganhou destaque como forma de adaptar as necessidades das empresas e dos trabalhadores
05/03/2025 às 15:07
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Após a pandemia de Covid-19, o trabalho remoto se consolidou como um modelo preferido pelos profissionais de tecnologia. No entanto, diversas empresas, como Amazon e Google, vêm adotando um movimento de retorno ao presencial, em sua maioria buscando fortalecer a cultura organizacional e aumentar a colaboração entre equipes. Mas essa estratégia tem encontrado resistência por parte dos talentos do setor, que valorizam a flexibilidade, significado e a qualidade de vida proporcionadas pelo home office. 

De acordo com Thatyane Costa, Gerente de Recrutamento & Seleção da Gateware, a volta ao presencial não tem sido bem recebida pela maioria dos profissionais de tecnologia. Mais do que simplesmente estar fisicamente no escritório, os profissionais buscam propósito e conexão nesses dias presenciais.  “Muitas empresas adotaram o modelo híbrido, equilibrando o trabalho remoto e presencial. No entanto, para que essa dinâmica funcione bem, é essencial que os dias no escritório sejam produtivos e significativos. Profissionais esperam que essas idas presenciais proporcionem momentos de colaboração, troca de conhecimento e integração com suas equipes”. 

Diante desse cenário, algumas empresas adotaram um modelo híbrido como uma alternativa para equilibrar as necessidades do negócio e as preferências dos colaboradores, assim o profissional deve estar no escritório 2 ou 3 vezes por semana. Porém, um dos desafios mais citados pelos colaboradores é a falta de um propósito claro para estar presencialmente. “Muitos relatam a frustração de se deslocarem até o escritório apenas para passar o dia em reuniões online, já que suas equipes continuam distribuídas por diversas regiões”, comenta a especialista. 

A exigência do retorno ao presencial também tem impactado diretamente a atração e retenção de talentos no setor. Empresas que insistem em um modelo exclusivamente presencial enfrentam mais dificuldades para preencher vagas e correm o risco de perder profissionais qualificados para concorrentes que oferecem flexibilidade com propósito, visto que, diversas áreas dentro da tecnologia tem vagas sobrando. “Para que o trabalho presencial seja eficaz, é fundamental criar iniciativas que tornem esse tempo mais valioso, como workshops, sessões de brainstorming, encontros estratégicos e atividades que fortaleçam o espírito de equipe.”, pontua Thatyane. 

Um dos argumentos mais comuns para o retorno ao presencial é a melhoria da cultura organizacional e da colaboração entre as equipes. No entanto, para o setor de tecnologia, esse fator não se aplica da mesma forma. “A maioria das interações entre times de tecnologia já acontece virtualmente, independentemente do modelo de trabalho. Ferramentas colaborativas e metodologias ágeis permitem que os times mantenham a produtividade e a sinergia mesmo de forma remota”, ressalta a profissional. 

Geração Z empreende e impulsiona a economia digital
 
O empreendedorismo entre os jovens da Geração Z está em ascensão no Brasil, conforme apontam os dados do relatório Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2023 e da pesquisa da ZenBusiness. A busca por independência financeira, a facilidade de acesso à tecnologia e o impacto das redes sociais são alguns dos principais fatores que têm levado jovens a iniciar seus próprios negócios.
 
De acordo com o GEM 2023, cerca de 50% dos jovens entre 18 e 24 anos no Brasil possuem ou pretendem abrir um empreendimento, percentual que tem crescido nos últimos anos. A digitalização dos processos, o aumento do e-commerce e o avanço da economia criativa possibilitam que novos empreendedores lancem e expandam seus negócios com investimentos iniciais reduzidos.
 
Para Marlon Freitas, cofundador da Agilize Contabilidade, esse movimento reflete uma mudança no mercado de trabalho. "A Geração Z busca mais autonomia e flexibilidade. Muitos jovens preferem empreender a seguir uma carreira tradicional, pois desejam mais liberdade na tomada de decisão e impacto social em seus negócios", explica.
 
Os setores mais procurados por esses jovens empreendedores incluem e-commerce, tecnologia e sustentabilidade. O mercado digital tem sido um dos maiores impulsionadores desse crescimento, pois permite que produtos e serviços sejam ofertados com baixo custo operacional e grande alcance de público.
 
Além disso, iniciativas voltadas à economia verde, como startups sustentáveis e negócios sociais, estão cada vez mais em evidência, refletindo o comprometimento dessa geração com causas ambientais e sociais.
 
2025: IA e experiência do cliente são destaques no varejo
 

A NRF Retail’s Big Show 2025, maior evento global do setor varejista, ocorreu em janeiro, em Nova Iorque, reunindo especialistas para discutir as principais tendências do mercado. Entre os participantes estavam os empresários paranaenses Emilio Silva, CEO da Datasoul, e Eduardo Córdova, CEO do market4u, que trouxeram suas análises e experiências diretamente para os membros do Masterboard Club, em Curitiba.

 
Durante o evento, Emilio Silva e Eduardo Córdova destacaram os principais aprendizados da NRF 2025 e como essas tendências devem impactar o mercado brasileiro.
 
A Datasoul atua na transformação digital de empresas de médio e grande porte, já tendo implementado mais de 300 projetos em 14 países ao longo de 15 anos. Para Emilio Silva, CEO da empresa, o varejo de 2025 será baseado no equilíbrio entre tecnologia, personalização e responsabilidade ambiental.
 
“Os consumidores buscarão conexões autênticas com as marcas, valorizando empresas que promovem um senso de comunidade. Além disso, a inteligência artificial substituirá aplicativos individuais, tornando a experiência de compra mais fluida. Outro ponto essencial será a liderança das marcas em iniciativas ambientais, com produtos mais duráveis e sustentáveis”, explica Emilio, que alerta, no entanto, para o risco de uma fadiga digital no varejo. “O excesso de tendências virais fará com que os consumidores valorizem cada vez mais a nostalgia e o storytelling como diferenciais competitivos”, ressalta.

Leve Saúde cria check in automatizado em clínicas próprias
 
A Leve Saúde, operadora carioca de planos de saúde com preços mais acessíveis, segue investindo em tecnologia para entregar uma experiência cada vez mais ágil e eficiente para seus clientes além de aumentar sua eficiência operacional. Em novembro de 2024, a empresa implementou um sistema de auto check-in em suas clínicas com reconhecimento facial, que garante rápida identificação dos clientes através dos totens e, em poucos segundos, libera os beneficiários para o atendimento médico. Toda a tecnologia foi desenvolvida internamente.
 
“Os pacientes não precisam mais passar por todo o processo de atendimento físico via recepção que levava, em média, 15 minutos. Isso reduz drasticamente o tempo de espera e garante muito mais agilidade, mais segurança no apoio à prevenção de fraudes, redução de custos e maior automação de processos”, detalha Claudio Maffezzolli, CTO da Leve Saúde. A solução já está implementada em todas as 11 clínicas próprias da Leve Saúde. A empresa fechou o mês de janeiro com 65% dos atendimentos já sendo automatizados e realizados pelo próprio cliente com reconhecimento facial.
 
A Leve tem investido anualmente na aplicação de tecnologias que geram dados para algoritmos e que permitem a realização de análises de pontos de melhoria na jornada dos clientes. Recentemente, também vem sendo aprimorada uma solução de análises e autorizações de procedimentos de altos riscos de fraudes. “Para o paciente, essa solução possibilita ter um exame, por exemplo, liberado em segundos, quando a análise humana exigiria dias. Para a Leve Saúde, o principal impacto é a segurança, já que essa análise assistida por IA aprimora a identificação, uma vez que há o cruzamento de dados e informações de forma mais ampla, rápida e eficiente. Ao evitar as ocorrências de fraudes reduzimos custos e podemos oferecer serviços mais acessíveis a nossos clientes. É algo que beneficia a todos”, exalta o executivo.
 
A empresa também investiu na automatização de dados sobre os pacientes. Em 2024, foi implementado um novo sistema de gestão ambulatorial com significativos avanços na interoperabilidade de dados de saúde com os principais parceiros laboratoriais e de serviços de saúde. “Centralizamos as informações de nossos clientes em um único Repositório Eletrônico de Saúde, o que garante acesso facilitado a indicadores de saúde e ao histórico médico do paciente para os médicos e times de cuidado, automatizando os processos de investigação clínica tanto no atendimento físico quanto virtual”, afirma Sandro Silva, COO da Leve.
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