Gabi Zanotti: “É muito gratificante voltar à Seleção depois de 5 anos”
23/02/2025 às 19:42
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Uma das jogadoras mais experientes da Seleção Brasileira, Gabi Zanotti está de volta à equipe depois de cinco anos. Atuando em alto nível pelo Corinthians, onde ganhou o apelido carinhoso de Zinedine Zanotti, a capixaba de Itaguaçu conta nesta entrevista ao site da CBF os segredos da longevidade no esporte – disciplina, vida regrada, descanso -, enaltece o ambiente de leveza e trabalho na Granja Comary e diz que seus sonhos costumam ser de curto prazo.

Imagina-se na equipe para a Copa América deste ano no Equador e disputando um Mundial de Clubes, claro, ganhando o título.

Aos 39 anos, Zanotti é determinada, talentosa e dedica-se ao máximo nos treinos e nos jogos. Por isso, a meia está de novo servindo a Seleção Brasileira. “É muito gratificante voltar depois de 5 anos. O futebol é muito dinâmico, você tem que viver e desfrutar cada momento”, diz.

Início da carreira – “Eu me sinto um pouco privilegiada por ter tido esse suporte da minha família, dos meus pais, da minha mãe, sempre muito presente, dos meus avós. A minha geração sofreu muito por conta disso, de não ter o suporte, porque na época era muito diferente ... hoje ainda existe um pouco de machismo, essa resistência, mas o futebol feminino já é visto de forma diferente. Eu joguei com minha mãe num time da minha cidade no ES, Itaguaçu. Ela fazia parte do mesmo time, era zagueira, acompanhava o time nas viagens também e eu jogava lá na frente, no mesmo time pra não ter briga. Foi muito bom ter tido esse apoio, muito importante pra eu dar continuidade na minha carreira.”

Diversidade - “Transitei por todas as modalidades, cada uma agregou pra eu estar hoje no campo, comecei no campo, fui para o futsal, para o beach soccer, transitava porque não havia muitas competições naquela época. Então a gente tentava o máximo possível se manter em atividade e por isso participava de várias competições.”

Apelido - “Recebi esse apelido quando cheguei no Corinthians em 2018. Um gesto carinhoso. Ele foi um atleta que sempre admirei muito, de quem sou fã. Gostava das características de jogo dele, um meia clássico.”

Reencontro - “Aqui é uma paz, é um lugar perfeito para se concentrar e focar no trabalho. Esse ambiente todo e a gente ainda conta com um grupo muito bom de trabalhar, leve, descontraído, mas, quando entra em campo, é muito comprometido, pois sabe o que tem de entregar. Isso é importante pra elevar o nível tanto individual quanto coletivamente. Já trabalhei com Arthur Elias e toda comissão técnica dele por alguns anos, eles sabem conduzir e gerir o elenco muito bem e tenho visto isso aqui nesses dias de trabalho, em Teresópolis. É muito gratificante voltar depois de 5 anos. O futebol é muito dinâmico, você tem que viver e desfrutar cada momento. Nesse período todo longe da seleção, eu nunca deixei de trabalhar, eu sou uma atleta que gosta de trabalhar, sou muito competitiva, intensa no dia a dia de trabalho, quem está diariamente comigo sabe como eu gosto de trabalhar.”

Longevidade - “O quanto é importante e se manter em forma física e intensa nos treinos para chegar e inspirar. Sempre falo para as meninas que uma coisa que não tive foi a base, que elas têm que aproveitar, no dia a dia do clube, aproveitar o máximo possível. Eu tenho certeza que poderia ter me tornado uma atleta muito melhor se eu tivesse tido uma boa base ... isso é fundamental para o atleta chegar mais bem preparada à Seleção principal. Quanto à longevidade ... algumas meninas dizem que querem fazer igual. Quando a gente é mais jovem, não pensa tanto no futuro. Talvez lá atrás eu pudesse ter mudado algumas coisas, mas eu sempre fui uma atleta muito profissional, disciplinada e que me cuidei bastante. Isso faz muita diferença pra estar competindo ainda em alto nível. E é difícil acompanhar a nova geração. Há coisas que parecem simples que são fundamentais – horário de dormir, o que você vai fazer no seu período de folga, o descanso é tão importante quanto uma sessão de treinamento; a parte nutricional, acho que tudo isso a que temos acesso não só aqui dentro da Seleção mas também nos clubes que têm essa estrutura, são aspectos fundamentais para que a gente consiga performar mesmo com certa idade. Hoje em dia temos cada vez mais recursos, por isso que a gente vê tantas guerreiras com 30 anos e acima dos 30, dos 35, conseguindo jogar. E não são só recursos tecnológicos. Falo também do acesso à suplementação. Isso facilita e favorece a nossa longevidade no esporte.”

Sonho - – “Sempre penso num curto prazo o futebol. Pensando em Seleção, temos uma Copa América pela frente; pensando em clube, meu sonho ainda é o Mundial de Clubes que não tive a oportunidade de jogar. Espero ter essa chance para conquistar um título mundial de clubes. Vou continuar competindo enquanto tiver prazer de entrar em campo com essa fome de bola. É dessa forma que eu quero viver do modo mais intenso possível.”

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