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Durante a reunião semanal da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nesta terça-feira (18), dois dos temas de maior relevância e repercussão dos últimos anos estiveram em pauta: o marco temporal, que está novamente sob análise do Supremo Tribunal Federal (STF), e a estiagem no Rio Grande do Sul, que tem impactado significativamente a produção agropecuária do estado.
Sobre o marco temporal, o presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), recordou a “discussão acalorada” ocorrida na última segunda-feira (17), no STF, ao lado de outros integrantes da bancada. Na ocasião, Lupion afirmou ter recebido com estranheza a minuta apresentada pelo ministro Gilmar Mendes à comissão especial que busca um acordo sobre a Lei do Marco Temporal (14.701/2023), uma vez que o documento não reconhece a tese.
“A minuta apresentada pelo ministro ignorou completamente a questão do marco temporal. O marco temporal é inegociável. Caso haja necessidade de votarmos mais uma vez, vamos reiterar esses votos e garantir o entendimento em relação à questão. Deixamos isso extremamente claro”, defendeu.
Lupion acrescentou que a tentativa de conciliação para atender os dois lados não será negociada. Segundo ele, há áreas invadidas por grupos que se dizem indígenas em diversos estados da Federação, e essa situação não comporta negociação, pois fere princípios básicos.
A deputada Caroline de Toni (PL-SC) reforçou a posição de Lupion e salientou que o marco temporal é uma questão de soberania nacional e alimentar. Para ela, trata-se de um tema prioritário, essencial para que a agenda em defesa da propriedade e da segurança jurídica possa avançar.
“A defesa é uma questão de soberania nacional e alimentar. São questões prioritárias e temos que avançar com essa agenda, garantindo que a lei aprovada pelo Congresso Nacional tenha validade. O Congresso é soberano”, destacou.
O deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) também criticou as recentes decisões do STF sobre questões indígenas, argumentando que elas tendem a gerar mais violência e invasões de propriedades. O parlamentar afirmou que o tribunal toma decisões “ideológicas” sobre o tema.
“O Supremo, por uma questão ideológica, é contra a decisão tomada pelo Congresso sobre o marco temporal. Eles acendem os fósforos nesse barril de pólvora, porque, além das invasões, os assassinatos já começaram, e esse sangue estará nas mãos dos ministros. Ou o STF reconhece a nossa lei ou os conflitos vão explodir no Brasil”, disse Nogueira.
Invasões em Tamarana (PR)
Durante a reunião, a bancada ouviu o relato de Rodolfo Ciciliato, advogado da Sociedade Rural do Paraná, que descreveu invasões de grupos que se dizem indígenas a uma propriedade privada em Tamarana, no Paraná. Segundo ele, os invasores estariam impedindo que o próprio dono da terra realizasse o plantio na área de sua propriedade.
De acordo com Pedro Lupion, Tamarana é um município paranaense de grande importância produtiva, com terras demarcadas desde os anos 1950. No entanto, segundo ele, indígenas resolveram invadir propriedades privadas. “Não tem relação com marco temporal, é puramente invasão de terras. A FPA é solidária à situação e pode contar com o nosso apoio para tratar disso. O que for necessário da bancada será feito”, concluiu.
Para o ex-presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), o caso é de desordem pública. Por conta disso, a autoridade policial do Paraná não está tratando de caso indígena. “Isso é desvio de conduta e os invasores devem ser retirados imediatamente. Nem de longe é uma situação de demarcação de terras”, afirmou.
Estiagens no Rio Grande do Sul
A bancada também debateu a estiagem no Rio Grande do Sul, que tem causado grandes prejuízos à produção agropecuária do estado. Para Alceu Moreira, os produtores gaúchos foram severamente afetados por anos de seca, além da tragédia das chuvas em 2023. O parlamentar ressaltou a importância da aprovação do projeto de lei que trata da securitização das dívidas de produtores rurais afetados por eventos climáticos adversos a partir de 2021.
“Sem a securitização, não tem como. O cidadão precisa do crédito e que a dívida passada seja diluída em um orçamento viável, senão ele não paga. A proposta da securitização não é como qualquer outra e, por isso, temos que aprovar no Congresso de forma urgente”, explicou.
O autor da proposta, deputado gaúcho Pedro Westphalen (PP-RS), esclareceu que o projeto pertence a todo o Rio Grande do Sul. Devido à complexidade da situação no estado, o parlamentar ressaltou que “não adianta colocar band-aid”, pois o estado está “entubado”.
“Esse projeto foi feito com a seriedade de um estado que está na UTI. A FPA é a última trincheira para a conquista de nossos direitos e, por isso, peço que a bancada aprove o regime de urgência para que a proposta seja votada na Câmara”, solicitou.
Também do Rio Grande do Sul, o deputado Afonso Hamm (PP-RS) recordou que de cinco safras, já totalizam três com estiagens. “São perdas consideradas irreversíveis, com municípios em estado de emergência. Nós precisamos de socorro e da securitização também. O tratamento recente que deram ao Rio Grande do Sul causa apreensão para todos, pois houve uma potencialização das dívidas no último ano. Esse é um problema de todo o Brasil”.
O deputado Pedro Lupion reforçou que o problema no estado é muito grave e que a FPA buscará soluções para dar esperança aos produtores e a toda a população gaúcha.
Com Agência FPA agencia.fpagropecuaria