
Na lista entre os prováveis candidatos ao Oscar de filme estrangeiro, a produção iraniana A Semente do Fruto Sagrado entra em cartaz no Brasil, através da distribuidora Mares, nesta quinta 9 de janeiro. E chega às telas ostentando o prêmio Especial do Júri do Festival de Cannes 2024.
Dirigido pelo iraniano Mohammad Rasoulof, exilado na Alemanhã após ser condenado a oito anos de prisão no Irã, o filme começa explicando a existência de uma árvore cuja semente, transportada nas fezes de aves que comem seus frutos, germina ao cair sobre outras vegetações, assim agindo de forma parasitária.
Em clima de suspense, até chegar ao pavor (vivido pelos personagens), Rasoulof disseca a árvore do poder político e patriarcal tendo uma família como núcleo da trama. Formada por um pai-juiz que ambiciona melhor posição no governo, pela mãe submissa e duas filhas adolescentes contestadoras, essa família está prestes a se desmanchar em lágrimas e sangue.
Parece um argumento simples, o sumiço de um revólver dentro de casa, o estopim para o desenrolar da história. O pai, suspeitando da filha mais velha, submete todas as mulheres a um torturante interrogatório policial. Ao fim, mãe e duas fgilhas tornam-se prisioneiras, por ironia, na casa de infância do pai. Esse argumento é circundado por manifestações de rua dos jovens, principalmente das estudantes, contra a tirania do estado religioso.
A primeira vítima do poder é o próprio pai, alçado à posição de juiz instrutor, se vê obrigado a assinar sentença de morte dos adversários do regime.
Mas à medida que a trama se desenrola, o roteiro apresenta situações confusas (sem necessidade de relacionar aqui). E ao final, mostrando simpatia às manifestações de protesto, o cineasta faz um apelo à insurgência.
O filme é enaltecido também pela coragem do diretor, que também respinga no elenco composto por Mahsa Rostami, Setareh Maleki, Niousha Akhshi, Missagh Zareh, Soheila Golestani, Reza Akhlaghirad e Shiva Ordooie. Afinal, embora produção iraniana, A Semente Fruto do Sagrado foi inscrita pela Alemanha para o Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, por motivos óbvios. Em Cannes, Rasoulof, já foragido, informou que muitos atores e parte da equipe de filmagem foram ameçados pelas autoridades iranianas.