Coringa 2 incomoda, é denso e polemiza
Em lançamento nesta quinta 3/10/ 2024
02/10/2024 às 17:14

Começa com um desenho animado, a primeira surpresa. Depois passa para os gêneros cinematográficos por excelência: policial e musical, também misturando suspense psicológico e filme de tribunal.  Senhoras e senhores, o caso em questão é Coringa: Delírio a Dois (Folie à Deux).

Melhor que o primeiro? Até pode, olhando bem, já que “de perto ninguém é normal”. Fui de manhã, ontem terça-feira, sessão para imprensa. Saí atordoada do cinema, sol quente na cara. O diretor Todd Phillips e seu co-roteirista Scott Silver me incomodaram com a violência implícita e explícita - a ficção imitando a vida. Para desanuviar, ligo o celular e surge a notícia: Irã resolve enfim enfrentar Israel, a chuva de mísseis está no visor. Credo! Vontade de correr de volta para o Imax e me refugiar no drama do Coringa, pois a realidade está muito dolorosa.

O incômodo meu, acredito, é o desenho inicial, já que o Coiringa 2 se revela, em seguida, ano-luz de ser divertido. (Não gosto de saber nada do filme com antecedência, prefiro sempre o prazer da surpresa). É um drama surpreendente. Mas nenhuma decepção com a performance de  Joaquin Phoenix, novamente magistral vivendo o comediante assassino Arthur Fleck, o famigerado Coringa que ri quando chora de dor e desespero.

No manicômio, onde aguarda julgamento de seus cinco assassinatos (no fim seis, ele revela no tribunal), Arthur Fleck é defendido por uma advogada que reconhece nele o transtorno  psicótico delirante (folie à deux). Contudo, naquele inferno mental e prisional, ele conhece o amor de uma alucinada fã, a nossa Arlequina, muito bem interpretada por Lady Gaga numa versão down. Os dois se apaixonam e o delírio deles é vivido por sensíveis solos e duetos musicais.

Quem passa o filme todo esperando Batman tem em troca canções como “The World Needs Is Love”, "That's Entertainment", “Get Happy”, “Smile”, “The Joker”, “Folie à Deux”... Aliás, o álbum “Harlequin”, com Lady Gaga cantando treze faixas do repertório do filme, está em lançamento. Mas o Coringa cantando Piaf (“Não, não me arrependo de nada”) vale o filme.

Enfim, tem crítico achando que a Warner “desperdiçou” nesse Coringa uns 200 milhões de dólares. Entretanto, saindo do Imax e olhando a guerra pelo visor, é de se concluir que é um dinheiro muito bem aproveitado, nada a arrepender. Sim, senhoras e senhores, mesmo com filme triste, a vida é uma delícia no escurinho do cinema.

 

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