Cânhamo, suas propriedades regenerativas e a recuperação do Rio Grande do Sul
04/07/2024 às 10:22
Foto de Matteo Paganelli na Unsplash

por Ana Fabia Ribas

O Estado do Rio Grande do Sul é uma das grandes forças do agronegócio brasileiro. Responsável pela produção de 70% do arroz vendido no país, as inundações dizimaram grande parte das áreas agricultáveis, gerando enorme impacto e desequilíbrio do solo onde há o plantio das lavouras desse cereal, entre outros, como o milho, a soja, o feijão, além de frutas, hortaliças e legumes. 

Faz-se perceptível que a saúde do solo fértil do Rio Grande do Sul vem se mudando e em certos aspectos se deteriorando em decorrência da série de eventos climáticos nos últimos 10 anos, realizando alterações no balanço do fator agroclimático, sobretudo com os eventos extremos que vêm assolando o estado.
Este evento climático de 2024, ocasionou em destruição promovida pelas enxurradas de várias residências, pastagens, estruturas industriais, lavouras, animais, etc. resultando no desequilíbrio químico mineral do solo e de centenas de fontes de água localizadas no meio rural, por sobrecarga de outros elementos no solo alterando o teor de carga minerária, podendo ser considerado até toxico para a agricultura, para o Homem, deixando milhares de famílias sem acesso à água potável evidenciando a necessidade urgente da adoção de técnicas de cultivo sustentável e a promoção da recuperação de áreas degradadas.
Segundo o geólogo e Professor Rodrigo Salvetti, em relação ao solo há um grande problema, pois, as enchentes carrearam muitas impurezas, detritos, areia e argila para as áreas de plantações, tornando os solos desses locais inapropriados para o plantio, devendo passar por técnicas de recuperação para voltar a mesma qualidade de uso para a agricultura.
Mas, qual é a relação dessa triste realidade com a cultura do cânhamo industrial?  cânhamo desempenha um papel crucial na limpeza do solo através de um processo conhecido como fitorremediação! Este processo envolve o uso de plantas para remover, estabilizar ou destruir contaminantes presentes no solo e na água.
O cânhamo é particularmente eficaz nesse processo devido a várias de suas características naturais. Algumas delas:
A fitoextração por absorção e acúmulo de metais pesados: o cânhamo tem a capacidade de absorver metais pesados como chumbo, cádmio e níquel através de suas raízes. Esses metais são então acumulados nas partes da planta, como raízes, caules e folhas. Estudos, como os realizados em Chernobyl por pesquisadores alemães, confirmaram que o cânhamo pode extrair esses metais de solos contaminados.
Outra característica do cânhamo seria a fitoestabilização evitando-se a movimentação de elementos contaminantes ao solo pela erosão e percolação destes agentes contaminantes para o solo.
O cânhamo como fitorremediação por sua função primária, pode ainda, no segundo momento, ser utilizado como matéria prima para materiais da construção civil, tecidos, papeis plásticos, tinturas, combustíveis e até capacitores. Por conseguinte, o momento do Rio Grande do Sul exige elementos socioeconômicos sustentáveis que possam ser atores da solucionar problemas reais que o Estado vive.
Ana Fábia R. de O. Ferraz Martins – Advogada especialista em Direito e Negócios Internacionais – Vice Presidente Jurídica da Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis - ABICANN
Roulien Paiva Pereira, M. Sc. Analista Ambiental  Para economia Circular e Finanças sustentáveis – Doutorando em Engenharia Química.
 
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