
Tomografia computadorizada com baixa dose de radiação do tórax é recomendada para casos de histórico significativo de tabagismo
O risco de um fumante de longa data desenvolver câncer de pulmão é de 10 a 30 vezes maior em comparação com pessoas que nunca fumaram. A probabilidade aumenta com o número de cigarros consumidos por dia e a duração deste hábito. Por isso, a indicação atual para rastreamento da neoplasia em indivíduos de alto risco, como fumantes e ex-fumantes, é a realização de uma tomografia computadorizada com baixa dose de radiação do tórax.
“Esta recomendação aplica-se especialmente a quem tem um histórico significativo de tabagismo, equivalente a uma carteira de cigarros por dia durante 20 anos, dentro da faixa etária entre 50 e 80 anos”, afirma o oncologista clínico Dr. Roger Shiomi, da Oncoclínicas Curitiba.
Mesmo aqueles que pararam de fumar nos últimos 15 anos se beneficiam do rastreamento, porque permite a identificação precoce de possíveis tumores malignos, quando o tratamento é mais eficaz e as chances de sobrevida são maiores. “Os estudos mostram que ex-fumantes que foram abstinentes por mais de 15 anos têm uma redução de risco de 80 a 90% na comparação com quem fuma”, afirma o Dr. Shiomi.
No entanto, a probabilidade de desenvolver a doença continua sendo maior do que para os que nunca fumaram, mesmo após longos períodos de completa abstinência. “Além disso, a chance de ter câncer de pulmão continua a aumentar com a idade, mesmo após a cessação do fumo, mas, ressalto, em uma taxa muito menor do que se tivesse continuado. Cessar o tabagismo, portanto, é sempre benéfico”, enfatiza o oncologista.
Além de aplicação de terapias mais avançadas e precisas para o tratamento oncológico, o especialista enfatiza a importância de uma visão global da saúde. “Procuro entender, cuidar e tratar cada pessoa em sua totalidade, considerando não apenas a doença, mas a visão da saúde no aspecto físico, emocional, social, familiar, econômico e espiritual”. O oncologista ressalta que este enfoque abrange também a prevenção e o acompanhamento pós-tratamento (chamado de Cancer Survivorship).
Entenda as opções de tratamento
- Cirurgia: adotada principalmente para pessoas com tumores malignos de pulmão não avançados, envolve a remoção do tumor e do tecido circundante saudável. Dependendo da localização e tamanho, pode ser realizada uma lobectomia (remoção de um lobo do pulmão) ou pneumonectomia (remoção de todo o pulmão). O destaque é a cirurgia robótica. Por ser minimamente invasiva e precisa, a recuperação pós-operatória é mais rápida, menos dolorosa e com menor risco de complicações.
- Radioterapia: pode ser aplicada como tratamento principal ou complementar para reduzir o risco de recorrência após a cirurgia. Tem papel também no controle da dor tumoral e de metástase no cérebro, por exemplo. A radioterapia estereotáxica corporal (SBRT) permite administrar doses elevadas de radiação em um número limitado de sessões utilizando múltiplos feixes de radiação convergentes, minimizando o dano aos tecidos saudáveis. É ideal para tratar definitivamente lesões no estágio I (inicial) e oferece controle local da doença em cerca de 90 a 95% dos casos, mesmo sem cirurgia.
- Quimioterapia: utiliza medicamentos para matar as células tumorais, sendo comum em situações de metástase ou em casos de câncer de pequenas células. Pode ser administrada antes da cirurgia para reduzir o tumor ou após para eliminar células malignas residuais.
- Terapia-alvo: com base nas informações de alterações genéticas específicas em células cancerígenas, os medicamentos atingem estruturas específicas nessa célula tumoral. Pode ser indicada após uma cirurgia ou quando há disseminação para outros órgãos. Cada vez mais moléculas têm sido desenvolvidas para atingir os alvos nas células com maior precisão.
- Imunoterapia: esta abordagem reforça o sistema imunológico da própria pessoa para combater a neoplasia maligna. Medicamentos desta classe têm mostrado eficácia em pacientes com câncer de pulmão localizado e avançado, melhorando significativamente as taxas de redução do tumor, o tempo e a qualidade de vida dos indivíduos com essa doença.