Luxo no morar: bem-estar é a chave do futuro
07/03/2023 às 16:26
Esther Schattan, sócia-diretora e fundadora da Ornare: “Esse luxo de que estamos falando não é um luxo aleatório. É um luxo depurado, estudado, que dá harmonia, conforto, que faz com que a pessoa se sinta encorajada a viver. Que dá uma luz diferente” - C
Conforto, facilidade, sustentabilidade. Luxo, como bem explica Esther Schattan nesta entrevista exclusiva, é acima de tudo, morar bem, estar bem. E é o que a Ornare, que completa 37 anos em agosto de 2023, se propõe a oferecer desde sua origem. O que faz toda a diferença ao olharmos para sua trajetória no Brasil e no mundo, afinal trata-se de uma marca que ultrapassa as fronteiras territoriais do luxo, para ser reconhecida e desejada nos mercados de mais elevado padrão global. A Ornare atua com 15 showrooms no Brasil, nas seguintes capitais: São Paulo, Rio de Janeiro (02), Brasília, Salvador, Cuiabá, Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Maceió e Manaus e nas cidades de Ribeirão Preto e Jaú. E já tem 09 showrooms no exterior: Miami, Dallas, Houston, Los Angeles, Nova York, Hamptons, Brooklin, Greenwich, nos Estados Unidos, além de Dubai, onde tem seu showroom no ornamental, sólido-fluído edifício The Opus by Omniyat, joia arquitetônica com projeto de Zaha Hadid. Também exporta para o Canadá e para os países do Caribe, incluindo o Panamá. E segue em expansão, abrindo novos mercados.
De 2020 para 2021, a Ornare cresceu 30%, mesmo percentual registrado em 2022. Para 2023, a projeção de crescimento é de 15% em relação a 2022. No mercado externo, as vendas representam cerca de 20% do faturamento e a projeção é de que esse número represente 40% nos próximos anos. Para atingir este propósito, a marca segue se projetando no mercado internacional. Este ano, já confirmou presença no Salone del Mobile em Milão, na ICFF em Nova York, na Dubai Design Week e na WestEdge Design Fair, em Los Angeles. Nesta entrevista, Esther Schattan, a inspiradora sócia-diretora e fundadora da Ornare com o esposo, Murillo Schattan, faz uma profunda análise da sociedade contemporânea e sua relação com a vida e o morar, revelando também aspectos da visão estratégica da marca.
 
Como está a trajetória da Ornare? O que mudou para a empresa após o advento da pandemia?
Em nossa trajetória de 36 anos, sempre atendemos com o mesmo objetivo, que é de falar a mesma linguagem dos arquitetos e designers. Quando compram com a gente, o que esperam? Um sonho realizado. Isso sempre foi assim. Projeto, qualidade e pós-venda. E, desde o início, quando a pessoa recebia o projeto na casa dela, sempre ficava encantada e queria mais. Então, esse é um desejo de uma parte da população de querer um bem-estar, um estilo de vida, uma linguagem, que a gente imprimiu ao longo dos anos. Obviamente que sempre tem a evolução do design, das ferragens, da tecnologia, e a gente continua atendendo o público de uma maneira bem específica. Onde tem conhecedor de design, ele conhece a Ornare. Durante a pandemia, primeiro, a gente achou que ninguém nunca mais iria querer comprar nada. O que a gente viu foi exatamente o contrário, o que as pessoas queriam era, por ficar em casa, ter a melhor casa. Então passaram a olhar de forma mais crítica, com um olhar merecedor de outras coisas. Falaram, “eu mereço conforto, design, uma casa melhor”.
 
Este novo olhar deve permanecer na sua percepção?
Outra coisa aconteceu com a pandemia foi que a morte estava muito mais presente. Podia acontecer com qualquer um. Foi realmente muito triste. Então, como você não sabia se ia ter vida, também passou a gastar para fazer o melhor da sua vida naquele instante. Começou a ser um presente muito mais forte que o futuro. E isso está se perpetuando. As pessoas, mesmo agora, continuam falando “eu mereço o melhor”. Estou no banco, investindo, mas quero o melhor na minha vida hoje. Todos acordaram juntos para a vida. Então você percebe que são mudanças. Configurações que devem permanecer. Um jeito de viver, de pensar que realmente mudou na sociedade.
 
E isso tanto no Brasil quanto no mundo, não é?
Também em Portugal, por exemplo, tem uma invasão de pessoas que estão procurando qualidade de vida. Portugal é um lugar da Europa bonito para se morar, chique. Dubai, que a gente abriu há um ano, já dobrou de tamanho, em termos de equipe, porque tem demanda. Porque as pessoas querem viver melhor.
 
Então, o próprio tamanho do mercado de luxo de certa forma aumentou, porque pessoas que tinham um potencial de consumo mas que às vezes por segurança ou por outras questões preferiam esperar, também passaram a consumir mais, ingressaram nesse consumo de forma mais frequente, certo? Aumentou essa população capaz de consumir luxo?
Por esse sonho e também por esse novo hábito de trabalhar em casa, de ficar mais tempo em casa. Por todos estes motivos, se precisa mostrar a casa, ela tem que estar bonita.
 
Isso influenciou as novas linhas que vocês vão trazer em 2023?
A gente lança continuamente. A cada feira, a gente evolui o produto. O que está no showroom é um conceito, uma ideia do que a gente apresenta ao cliente, porque na casa dele envolve o design do arquiteto, a ideia do cliente. Então fica melhor porque tem evolução das matérias-primas o tempo inteiro, está sempre evoluindo. A feira acontece em um momento para fazer o registro daquela evolução, do design, das coisas novas que surgiram. Tudo que a gente teve sempre, a gente continua. A linha Lite, que a gente ganhou prêmio em 1997 com o Marcelo Rosenbaum, continua. De Miami a Dubai, tem. E tem a última linha Shaker, que a gente apresentou na feira de Milão 2022, e a Round, do Ricardo Bello Dias. A gente acabou de fazer um decorado da Construtora San Remo, em Curitiba, com projeto do arquiteto Jayme Bernardo, ficou lindo! O cliente que vai visitar o decorado, quer comprar o closet como está no ali para seu apartamento. E agora vêm outras ideias, até por conta da evolução do comportamento, de novos materiais, existe uma sinergia de tudo isto com o inconsciente coletivo. Dos profissionais que estão envolvidos com a criação, do Estúdio Ornare, que é liderado pelo Murillo [Schattan]. Sempre surpreende.

Então, com tudo isso, vocês já estão trabalhando em novidades que trazem este espírito de época, certo?
E uma premissa que é superimportante, que você vê nas linhas da Ornare, que é o descanso para o olhar. Então vem esta linha nova, com certeza na Feira de Milão, em abril. Estaremos em um lugar muito bonito. Agora, esse luxo de que estamos falando não é um luxo aleatório. É um luxo depurado, estudado, que dá harmonia, conforto, que faz com que a pessoa se sinta encorajada a viver. Que dá uma luz diferente. Além disso tudo, existem estas novas palavras, que são o ESG [Environmental, Social and Governance]. Mas a gente há 36 anos mantém essa filosofia na empresa, não vem de agora. Sempre tivemos na Ornare, no DNA.  O que é algo muito importante nesse novo luxo de que estão falando. A gente sempre fez isso, independentemente de a sociedade saber ou não. Sempre foi uma premissa da empresa.


 
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