Copa América: os desafios da altitude para a Seleção Brasileira
18/07/2025 às 18:32
Foto: Livia Villas Boas/CBF

Fisiologia, termografia, saturação. Estes e outros termos foram incorporados ao vocabulário da Seleção Brasileira durante a Copa América. Este é um cuidado do Núcleo de Saúde e Performance, que realiza um trabalho minucioso para adaptar as atletas às condições desafiadoras da altitude de Quito, no Equador. Departamento médico e comissão técnica criaram estratégias específicas para garantir a melhor forma física e mental para as jogadoras durante a competição.

A rotina da delegação brasileira em Quito, que fica quase três mil metros acima do nível do mar, é diferente da que as atletas vivem na maioria das competições. Diariamente, antes do início dos trabalhos, elas passam por um monitoramento. A Dra. Lygia Neder, médica da seleção, destacou a importância deste protocolo.

“Toda manhã, juntamente à nutrição e fisiologia, avaliamos todas as meninas. Fazemos a termografia delas, junto com a análise do peso, saturação e frequência cardíaca. Aqui na altitude, temos a tendência a desidratar bastante por uma adaptação do nosso corpo e ficamos atentos tanto na frequência cardíaca quanto na variação de peso para otimizar a hidratação e não ter queda do desempenho”, explicou, ressaltando a importância de individualizar o processo. “Acompanhamos diariamente porque é bem individual a resposta delas, mas todo o preparo que fazemos antes da competição tem dado bastante efeito aqui e elas estão tendo uma boa adaptação”, disse.

O fisiologista Ronaldo Kobal ressaltou a importância de ter iniciado a preparação antes da viagem, mais precisamente desde a convocação para as partidas contra o Japão, no final de maio. “Entregamos para as atletas um aparelho para que treinassem a musculatura respiratória, para quando chegassem aqui na altitude. Um dos efeitos da altitude é o aumento da frequência respiratória. Para conseguir melhorar o fluxo de oxigênio e, fisiologicamente, conseguir o corpo responder ao efeito negativo da altitude. Paralelo a isso, houve uma suplementação de ferro, recomendado pela nutrição e pelo departamento médico, para potencializar o sistema fisiológico de absorção de oxigênio”, explica.

Os planos alimentares também foram adaptados para otimizar o desempenho das jogadoras. A nutricionista Tiemi Saito destaca que um dos pontos-chave é prevenir a desidratação, que costuma atingir níveis acima dos normais em altitudes elevadas. “Acho que o principal desafio da altitude é a desidratação. Elas desidratam bastante ao chegar aqui, então o cardápio é pensado primeiro para fornecer esta reposição, com alimentos ricos em água. Pensando na performance, mantemos o padrão de sempre, colocando alimentos que ajudam na periodização nutricional dos treinos e jogos”, disse.

Outro cuidado é levar em consideração as diferenças culturais de um grupo heterogêneo como o da Seleção, capricho que garante que a hora sagrada da refeição seja também prazerosa. “Elas vêm de lugares diferentes do Brasil, então a alimentação tem que ser gostosa para elas, não só mais uma obrigação. Tudo isso junto com o Chef Edu, que me ajuda bastante na cozinha”, acrescentou Saito.

As adaptações para a preparação física também começaram com antecedência. O preparador físico Marcelo Rossetti afirma que a própria escolha pela Granja Comary foi pensada para combinar adaptação fisiológica, qualidade de treino e toda a rotina que envolve as áreas do Núcleo de Saúde e Performance.

“Aqui em Quito só temos uma atenção maior com relação ao volume de treino, mas a intensidade é sempre a máxima. Assim que trabalhamos e enxergamos o melhor caminho para a Seleção Brasileira”, afirmou.

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